A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a inteligência artificial (IA) como uma promessa para aprimorar os serviços de saúde em todo o mundo. Essa tecnologia de aprendizagem da máquina pode auxiliar na velocidade do atendimento, no processo de triagem, contribuir para as pesquisas na área e até mesmo impactar no diagnóstico de doenças e no desenvolvimento de medicamentos.
Uma inovação significativa de IA para saúde foi o desenvolvimento de um sistema de câmera para aferir a pressão arterial sem contato direto com o paciente. A pesquisa teve origem na Universidade do Sul da Austrália e contou com a parceria de engenheiros da Universidade Middle Technical, no Iraque.
Utilizando algoritmos de inteligência artificial, uma câmera se concentra na região da testa do paciente por 10 segundos e consegue extrair os sinais cardíacos, apresentando dados sobre pressão sanguínea.
Nos experimentos, as medidas apresentaram cerca de 90% de precisão, conforme afirmam os pesquisadores. Portanto, esse pode ser considerado um resultado positivo, visto que os aparelhos para medir a pressão (esfigmomanômetros) também podem apresentar uma porcentagem de erro se não estiverem calibrados adequadamente.
O avanço é considerado importante para o controle de doenças cardiovasculares, uma das principais enfermidades que causam mortes no mundo. Para as pessoas hipertensas, pode ser mais fácil fazer o monitoramento da pressão alta com uso da IA. No entanto, é preciso continuar o acompanhamento médico e seguir com o medicamento para pressão alta indicado.
As doenças cardiovasculares são apenas um dos casos de como a aplicação da IA pode ser benéfica para a medicina. Outras doenças também tendem a ser fortemente impactadas, como o tratamento de câncer e Alzheimer, por exemplo.
Desde que os relógios inteligentes chegaram ao mercado, em 2009, muitas pessoas perceberam os benefícios da inteligência artificial para a saúde do dia a dia. Eles oferecem informações para a manutenção do bem-estar, como frequência cardíaca, calorias, pressão arterial e glicemia.
Porém, as vantagens que o uso da IA trazem a medicina vão muito além desses benefícios. Chatbots com aprendizagem de máquina são usados para o fornecimento de orientações de saúde personalizadas e atendimentos primários, auxiliando na telemedicina. Diagnóstico e tratamento de doenças também podem ser realizados, devido à alta capacidade de processamento de dados. As utilidades também passam por avanços nas pesquisas médicas, ao acelerarem o desenvolvimento dos estudos e contribuírem para a descoberta de novos tratamentos.
Apesar dos avanços visíveis, o esperado é que, no futuro, as aplicações sejam ainda mais amplas, auxiliando em diversos tratamentos.
Embora a inteligência artificial tenha trazido ganhos para a saúde, elas não substituem abordagens e tratamentos tradicionais. Medicamentos, suplementos e vitaminas, assim como hábitos saudáveis, são essenciais para a qualidade de vida e o controle os sintomas de doenças, como enfatiza a D’Or Mais Saúde.
Por isso, acredita-se que a atuação da inteligência artificial tem se concentrado na detecção de sintomas e doenças, agindo de forma preventiva, auxiliando na tomada de decisões por parte dos médicos. Contudo, esse é um dos desafios para implementação efetiva da IA na área da saúde. Ela ainda pode gerar dúvidas em profissionais não familiarizados com o funcionamento dos algoritmos da máquina.
Outra questão é a garantia da aplicação responsável e ética das tecnologias de IA nos atendimentos médicos. Entre as principais preocupações está a privacidade de dados sensíveis dos pacientes, protegida por dispositivos como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Estudos na área prometem ir além da atual capacidade atribuída às inteligências artificiais relacionadas à saúde. Entre as evoluções, as promessas são de representar condições fisiológicas humanas, acelerar o descobrimento de novos tratamentos e reduzir riscos médicos. Esse conceito é trabalho através do termo conhecido como digital twin (gêmeo digital), máquinas capazes de simular o comportamento humano.
De acordo com uma pesquisa publicada pela revista BMC Medicine, porém, o uso da inteligência artificial na saúde apresenta limitações. Elas estão ligadas intrinsecamente às próprias entraves da aprendizagem automática da máquina, assim como a fatores logísticos de implementação e barreiras socioculturais.
A pesquisa aponta que os dados apresentados podem ser generalistas e enviesados, refletindo pontos cegos no aprendizado da máquina. Isso pode levar, inclusive, a reflexos de preconceitos sociais. Por isso, os autores reforçam a necessidade da realização de pesquisas mais rigorosas para superar esses impasses e promover um impacto positivo da IA na saúde.
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