Nesta sexta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, o grupo de 34 brasileiros, palestinos com residência no Brasil e parentes próximos que estão aguardando para sair da Faixa de Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, não entrou na lista de pessoas autorizadas pelas autoridades egípcias a entrarem no país. A situação causa profunda angústia no grupo e obriga o governo brasileiro a intensificar negociações para tentar obter o esperado sinal verde, que, até agora, favoreceu amplamente países aliados do governo de Benjamin Netanyahu, sobretudo Estados Unidos e Reino Unido.
Nos primeiros três dias de abertura da fronteira para a retirada de palestinos com dupla cidadania e estrangeiros, cidadãos de 25 países foram autorizados, em sua grande maioria, americanos. Somente nesta sexta, dos 571 autorizados, 367 são cidadãos americanos e 127 britânicos. Estados Unidos – que não entraram na lista no primeiro dia de abertura da fronteira – e Reino Unido, ambos membros permanentes e com direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, são importantes aliados de Israel na guerra contra o Hamas. Na quinta-feira, de um total de 576 estrangeiros autorizados pelo Egito – num processo pouco transparente e no qual, segundo fontes, Israel participa-, 400 eram americanos.
O claro privilégio dado a cidadãos americanos, em momentos em que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, faz sua segunda visita a Israel desde o início do conflito, em 7 de outubro, deixa pouco espaço para outros países. E o Brasil, que tem um grupo pequeno esperando nas cidades de Rafah e Khan Younes, vive momentos de frustração.
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Já foram liberados cidadãos da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão, República Checa, Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka, Tchade e Alemanha.
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Por que o Brasil ainda não conseguiu entrar na lista é uma pergunta que fontes do governo e diplomáticas não sabem responder. Mas algumas especulações têm crescido no âmbito político, diplomático e acadêmico, entre elas a de uma retaliação ao governo brasileiro por suas posições em votações no Conselho de Segurança da ONU, que foi presidido pelo Brasil no mês de outubro.