A morte é um dos momentos mais difíceis e delicados para uma família que perde um ente querido. Em Areal, os sentimentos de dor e tristeza se misturaram à indignação e revolta, na última quarta-feira (2), quando familiares de Maria Luiza dos Santos Tocalino, de 75 anos, precisaram carregar por 25 minutos o caixão da idosa por um percurso íngreme, formado por barro, buracos e pedras, em uma área sem nenhum tipo de iluminação e abandonada.
O enterro da vítima estava previsto para acontecer às 15h. Após horas de espera, a família recebeu o corpo próximo ao local do sepultamento às 18h20. Com a ajuda das luzes de aparelhos celulares e lanternas, a idosa foi enterrada às 18h50, de forma indigna.
“Contamos com o apoio do coveiro e do motorista do carro da funerária. O local é de extremo difícil acesso. Há uma série de barreiras no percurso, que dificultam a locomoção. O carro só vai até um trecho. Em seguida, tivemos que caminhar por 25 minutos no escuro e ainda enterrar em uma cova rasa, de aproximadamente um metro de profundidade”, disse um familiar.
Segundo a família de Maria Luiza, a idosa morreu por Covid-19. Ela estava internada emum hospital em Vassouras. Moradora de Areal, foi transferida para a sua cidade de origem para ser sepultada. No município, vítimas do novo vírus não podem ser enterradas no Cemitério da Fazenda Velha, próximo ao Centro da cidade. Sendo assim, o corpo foi levado para o Cemitério de Cachoeirinha.

“Depois de reclamarmos muito, o dono da funerária disse que era para abandonarmos o corpo no caminho, para que a prefeitura tomasse alguma providência. Foi tudo muito desumano, uma dor profunda. Foi um enterro sem nenhum tipo de dignidade”, concluiu um familiar.
Por meio de nota, a Prefeitura de Areal informou que a ladeira estaria passando por reforma e que, por atraso da funerária, o corpo chegou no momento em que a empresa responsável pela obra teria deixado o material no meio do caminho.