CARTA ABERTA PUBLICADA POR MELISSA GABRIELA – Foi com grande pesar que recebi as notícias sobre mim que foram veiculadas nas últimas semanas em blogs e redes sociais por Igo Silva, até então companheiro acadêmico e de militância. Foram semanas difíceis nas quais preferi me resguardar e cuidar de minha saúde mental, visto que ainda estou abalada com tudo. No entanto, como Coordenadora Adjunta da Comissão Organizadora da X Parada LGBTI de Marabá, foi-me incumbida a tarefa de recolher junto a alguns patrocinadores (docentes da UNIFESSPA) os valores referentes ao patrocínio para o evento mencionado.
Durante o trabalho a mim designado, fui surpreendida no dia 4 de setembro com um posicionamento tempestuoso e de puro ego de Igo Silva, ocasião em que aos poucos fui entendendo o “complô político de boicote” que acontecia, no qual Igo me informa que eu estava fora da Comissão Organizadora da Parada por “não me colocar no meu lugar de vice” e “não acatar as ordens do mesmo”, pois o evento seria organizado apenas por ele. Durante a discussão com o coordenador, fui lesionada por ele durante um “cabo de guerra” no qual o mesmo tentou tirar minha bolsa à força de minha posse, quando me recusei a entregar os papéis e os valores sem uma explicação pública do que estava acontecendo.
Depois do ocorrido, nos dias 5 e 6 foram marcadas duas reuniões, nas quais compareci em local e hora designados e nenhum dos membros da referida Comissão compareceram, apenas uma companheira componente da Comissão Organizadora que me dava retornos via Whatsapp. Nunca fiquei incomunicável ou “fugindo” de minhas responsabilidades. Os valores levantados junto aos patrocinadores até aquele momento estavam depositados em minha conta bancária, que por uma inconveniência eu havia bloqueado no dia 3 de setembro (um dia antes de tudo acontecer).
Finalizada a tarefa de sacar a quantia referente ao patrocínio (R$250,00 via conta bancária e R$150,00, em espécie, que já estavam sob minha posse), aguardei nova reunião da Comissão para o repasse dos valores e prestação de contas, pois me recusava até então de repassar o patrocínio paras mãos da mesma pessoa que havia me lesionado. O que não aconteceu. Em vez disso, fui surpreendida no dia 7 de Setembro, por volta de 22h30, com acusações graves por parte do então coordenador geral da Parada LGBTI, Igor Silva, por meio de uma “Nota de Esclarecimento”. Irado por minha justa resistência, Igo Silva passou a distribuir nas mídias digitais notícias difamatórias, caluniosas e injuriosas, iniciando uma verdadeira perseguição e distorção da realidade dos fatos.
Abaixo seguem as fotos de todos os comprovantes de restituição dos valores que a mim foram repassados para os devidos interessados (docentes patrocinadores), ato que nunca me opus a realizar, apenas gostaria de ter feito tal repasse para outro membro da Comissão que não fosse Igo e também uma explicação do porquê de minha retirada da Comissão Organizadora da Parada como se deixava nítido na nota emitida, o que até agora não fora feito. Sendo assim, gostaria que Igo Silva, deixasse de navegar nas águas da arbitrariedade e me apontasse (com provas concisas): QUAL CRIME COMETI? ROUBO? ESTELIONATO?
Por sorte, vivemos em um País onde, segundo princípios do Direito Penal e Processual Penal “o ônus da prova cabe a quem acusa”, e sendo assim convido o Coordenador-Chefe a apontar provas de suas alegações, que até agora foram motivadas unicamente por ódio político e intolerância; uma vez que nos últimos meses nossas decisões vinham tomando sentidos opostos, não suportando a oposição e divergências de minhas colocações, o mesmo resolveu me perseguir de maneira infame e covarde, boicotando minha presença em espaços democráticos (como a Parada LGBTI) e atacando levianamente minha honra e o equilíbrio de meu convívio social e familiar.
Igo Silva, atual presidente do DCE JR. E ACADÊMICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIFESSPA, não suportou a ideia de que eu, mulher travesti, com opiniões políticas próprias, uma imagem pública de visibilidade e uma caminhada de luta por direitos políticos e sociais para pessoas “trans” e “travesti” especificamente, pudesse influenciar o mar de alienação que o rodeia e quiçá, ocupar o seu lugar, posicionamento preocupante para alguém que se propõe a liderar a juventude acadêmica. Tão que tal história absurda não só é a mesma que os protagonistas eminentes da LGBTfobia utilizam para estereotipar e marginalizar a figura de uma travesti como também reforça e reproduz tais estereótipos, afinal é muito fácil para as pessoas acreditarem que a travesti é ladra.
Não sendo o bastante, o coordenador prestou-se ao papel de veicular meu nome civil em seu posicionamento para mídia, ato este totalmente TRANSFÓBICO e cruel, que me deixou totalmente desestruturada com tamanha deslegitimação pública e o mesmo ainda insiste em espalhar boatos e comentários que põem em questionamento a minha sexualidade, isso mesmo, por incrível que pareça, o “organizador chefe” da Parada LGBTI, também tem pitadas de hipocrisia, uma vez que questiona abertamente o fato de eu ser uma mulher transexual e ao mesmo tempo casada com uma mulher bixessual e tendo dois filhos. Gostaria de saber qual o incomodo de Igo com este aspecto de minha vida? O amor não é livre como prega o Movimento LGBTI?
Igo Silva também faz parte da Juventude LGBT do Partido dos Trabalhadores e dedica-se em sua “pré-campanha” para vereador da Cidade de Marabá, como ele mesmo havia mencionado para mim no dia 4/9/2018 durante a discussão, deixando claro que a X Parada LGBTI de Marabá será “palco/gancho politico” para sua campanha de 2020, demonstrado com tudo isso o tipo de político que se tornará: OPRESSOR, INTOLERANTE, COVARDE, PERSEGUIDOR E PRECONCEITUOSO.
Informo que as devidas ocorrências por crimes contra a honra já foram registradas contra Igo Silva, uma vez que o mesmo realizou acusações gravíssimas sem o devido bojo probatório; em breve será ajuizada uma Ação Indenizatória em face do mesmo, através de minha assessoria jurídica já acionada, visando à reparação pecuniária de todos os danos que minha família e eu sofremos com tudo isso. É lamentável ver que alguém que ocupa cargos importantes para a defesa de direitos, seja na verdade um ditador irracional e hipócrita, oprimindo LGBTS e perseguindo politicamente seus opositores. Igo Silva também já é caso de polícia, e desta vez com as devidas provas, e em breve será caso do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
Por fim, volto a pedir um posicionamento das entidades e indivíduos responsáveis pela organização da X Parada LGBTI de Marabá a respeito do porquê de minha retirada deste espaço democrático, onde o coordenador segue com atos levianos e de puro interesse pessoal, como bem demonstrado foi ao público LGBTI nos últimos eventos voltados para o mesmo. Fonte: Carta Aberta publicada por Melissa Gabriela Fotos e documentos: Fornecidos por Melissa Gabriela
Resposta da Comissão Organizadora
Em contato com Igo Silva, Presidente da Comissão Organizadora da X Parada LGBTI de Marabá, composta por seis entidades sociais, ele informou que foi decidido, em reunião, que não haverá mais manifestações públicas a respeito do caso, por entender que as duas partes já ajuizaram ações na justiça. Segundo o Presidente, todos as ações e esforços deverão estar voltados para a realização da 10ª Parada do Orgulho LGBTI de Marabá, no dia 10/9/2018, domingo, na Orla do Rio Tocantins.