Grande contratação do PSC para a temporada 2024, Nicolas levou alguns dias para ser apresentado oficialmente pelo clube, mesmo depois que o negócio foi fechado na véspera do Natal de 2023. Havia um imbróglio entre o Ceará embaçando a liberação do atleta, finalmente confirmada ontem com a publicação da rescisão contratual.
O fato é que Nicolas, ídolo da Fiel quando jogou pela primeira vez no Papão, há quase três anos, tem a oportunidade de quebrar uma escrita que insiste em se repetir nos últimos tempos: jogadores de brilhante passagem por um clube nunca reeditam os bons momentos quando retornam.
CONTEÚDO RELACIONADO
Foram os casos, lembrados pelo amigo Valmir Rodrigues no programa Cartaz Esportivo da Rádio Clube, ontem, do meia Thiago Luiz (ex-Santos) no PSC e do centroavante Robinho no Remo, no começo deste século.
Quer saber mais notícias de esportes? Acesse nosso canal no WhatsApp.
Robinho Estanislau teve uma performance grandiosa na Copa Havelange de 2000, marcando três gols no clássico com o Paysandu, vencido pelos azulinos por 3 a 2. O hat-trick encantou a torcida e Robinho virou ídolo. Voltou dois anos depois, mas nem lembrou o artilheiro de antes.
Tiago Luís também encantou a torcida alviceleste ao participar da campanha do PSC na Série B 2016, ocasião em que marcou gols decisivos, deu assistências e teve atuações primorosas. Contribuiu para a permanência do Papão na Série B e virou ídolo na Curuzu.
Apelidado de “Messi brasileiro”, Tiago voltou três anos depois e frustrou as expectativas na Série C de 2019. Nem parecia o mesmo jogador. Acabou na reserva e ao final da competição foi liberado. Ainda passou por outros clubes, sem brilho, até largar os gramados para se dedicar ao futevôlei.
Esses exemplos dão a dimensão da tremenda responsabilidade de Nicolas nessa volta ao Papão. Será cobrado com rigor por um torcedor normalmente exigente e que muitas vezes se recusa a entender que a passagem do tempo afeta o rendimento de um atleta.
Nicolas volta mais experiente, o que pode ser um trunfo importante na Série B, competição que exige maturidade e futebol consolidado. Por outro lado, não tem mais a explosão que tinha quando foi um goleador temido no PSC de 2019 (12 gols) e 2020 (19 gols) ou quando vestiu a camisa do Goiás, marcando 29 gols em dois anos e meio.
O ano de 2023 no Ceará não foi tão pródigo em gols. Mudança de ambiente, técnicos diferentes e companheiros não tão afinados como nos anos anteriores comprometeram o desempenho do atacante.
A dúvida que ronda a contratação de Nicolas permanece de pé: o Papão terá de volta o goleador que tanto encantou a torcida ou o artilheiro que não desencantou com a camisa do Ceará, onde só fez três gols.
Na conversa com a imprensa, ontem, Nicolas admitiu que abriu mão de muitas coisas para encarar uma retomada da carreira no PSC, aos 34 anos. Está óbvio que voltou para um lugar onde se sente realmente bem. Que esse clima o ajude a reencontrar o caminho das redes.
Sobre Neymar, Jesus chegou depois de Renê Simões
Atento às últimas estripulias do Menino Ney no trepidante circuito das subcelebridades brasileiras, o técnico dele no Al-Hilal, da Arábia Saudita, foi curto e grosso: o atacante está mais interessado nos prazeres da vida do que nos rigores da vida de atleta. Chegou a fazer uma comparação com Cristiano Ronaldo, obviamente desfavorável ao camisa 10 da Seleção Brasileira.
“(Neymar) não gosta de futebol como Cristiano. Prefere as coisas que o mundo oferece. CR7 tem mais paixão pelo futebol”, diagnosticou JJ, ressalvando que o brasileiro é uma pessoa doce, fácil de lidar e tecnicamente muito talentoso.
O mister campeoníssimo pelo Flamengo em 2019 não cometeu nenhuma injustiça, mas pecou pelo atraso. Em 2009, Renê Simões fez uma previsão mais dura, que o tempo se encarregou de confirmar: “O Santos criou um monstro (Neymar), que não cumpre ordens e nem obedece a ninguém”.
Um meia paraense com pinta de titular no Leão
Um dos últimos e mais festejados reforços anunciados pelo Remo, o meia-atacante paraense Marco Antônio teve rápido entrosamento com o grupo que já estava em fase final de formação e participou dos treinos contra Pinheirense e Santa Rosa.
Marco Antônio durante entrevista coletiva de apresentação no Baenão. |Samara Miranda/Clube do Remo
Revelado pela Desportiva durante a Copa São Paulo de 2016, Marco Antônio saiu de Belém sem passar pelos dois grandes da capital. Estourou no Botafogo, na Série B 2021, quando marcou nove gols e foi peça importante na conquista do acesso e do título da temporada.
Com a convicção de que o Remo formou um elenco capaz de garantir uma campanha vitoriosa na Série C, capaz de levar o time ao sonhado acesso. Em 2023, Marco Antônio foi cedido pelo Bahia ao Atlético-GO e depois à Chapecoense, onde teve bom desempenho, ajudando a evitar o rebaixamento.
Por característica, Marco Antônio joga mais na diagonal tanto pela esquerda como na direita, podendo também ser utilizado como armador ofensivo centralizado, como o técnico Enderson Moreira o aproveitou no Botafogo
Para a estreia diante do Canaã, domingo (21), o técnico Ricardo Catalá mantém mistério quanto à escalação, mas é improvável que Marco Antônio fique de fora do time titular. Com Camilo efetivado na meia, o paraense pode ser um meia avançado, dialogando com Ytalo e Jaderson, provável dupla de ataque, ou mesmo como um terceiro atacante fixo pela esquerda.
O certo é que, seja em qualquer posição da equipe, Marco Antônio é seguramente uma das atrações do novo time do Leão.