O município de Bragança, no nordeste do Pará, se prepara para receber mais uma edição da Festividade do Glorioso São Benedito, que ocorre no período de 18 a 26 de dezembro. A tradicional festividade chega à 226ª edição.
Durante os nove dias de programação, são realizadas diversas programações como missas, novenas, ladainhas, procissão fluvial e terrestre, disputa de cavaleiros na cavalhada, programação cultural e apresentações da Marujada.
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A festividade representa mais que a devoção religiosa, sendo também um grito de resistência à escravidão, pois São Benedito é o santo protetor dos escravos e padroeiro da cidade. O ápice da programação ocorre em dois diferentes momentos: no dia do Natal (25), marujos e marujas se vestem de azul e branco, traje que faz uma alusão ao nascimento de Jesus Cristo, cuja imagem em criança é carregada no colo pelo co-padroeiro. Também no Natal ocorre a “cavalhada”, onde cavaleiros vestidos de azul e vermelho realizam competições de jogos entre si.
No dia 26, são realizadas diversas atividades, além da procissão com os participantes trajando vermelho e branco, por cerca de 4,7 quilômetros. Para este último dia da festividade (26), são esperadas entre 120 mil a 130 mil pessoas. Na ocasião, é comemorado o Dia de São Benedito, feriado municipal em Bragança desde o ano de 1960. A realização da festividade foi organizada pela Paróquia de Nossa Senhora do Rosário e pela Irmandade da Marujada de São Benedito de Bragança.
O tema deste ano é “São Benedito, Lírio de Pureza, fazei-nos vossos imitadores!”. Segundo o diretor da Faculdade de História do Campus Bragança da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da coordenação da Festividade de São Benedito, Dário Benedito Rodrigues, o tema tem a ver com homenagens a ladainhas de São Benedito para chamar as pessoas para caridade e virtudes do padroeiro. A origem da marujada é do final do século XVIII e início do XIX, associada à criação da Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança em 1798, por iniciativa de povos negros escravizados naquela localidade. Para celebrar São Benedito, eram realizadas rezas, tambores, danças, missas, ladainhas e folias que vieram a se caracterizar com o que se entende hoje por Marujada do Pará.
“São Benedito é além da festividade. É a figura que traduz a alma do povo bragantino. A festividade é parte da identidade cultural do município de Bragança”, comenta o professor, que também é integrante da Marujada. Ainda conforme o historiador, o povo bragantino celebra São Benedito ao longo de todo o ano, reverenciando o santo em casa em diferentes ocasiões, como em aniversários pela cidade. “Dezembro é a culminância da festividade que reflete na oração, no vestir-se de marujo, no cumprimento de uma promessa”.
As Marujadas foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil em setembro deste ano. O órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), aprovou, por unanimidade, a inscrição do bem no Livro de Registro de Celebrações. O pedido de registro foi apresentado em 2011 pela Irmandade da Marujada de São Benedito de Bragança, organização de caráter educativo e cultural, fundada em 1798.
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