As cenas como a primeira vilã da carreira estão chegando ao fim para Ana Hikari. Aos poucos, a atriz de 29 anos se despede da classista, cínica e irônica Mila em “Família É Tudo” (Globo). Os últimos capítulos estão previstos para irem ao ar em setembro.
Até lá, a paulistana vai continuar a achar a personagem péssima —no bom sentido, para quem a interpreta. Para ela, por mais que mostre a malvadeza, o papel segue a frase de que, se olhar bem no fundo, é uma boa pessoa.
“Ela tem essa essência sonhadora, se aliar ao Hans (Raphael Logam) foi a maneira que encontrou de sair dessa vida de menos oportunidade”, diz ela ao F5. “Fico chocada com os textos e falas, mas me compadeço com ela.”
A atriz, no entanto, afirma não ser uma pessoa que defenda o personagem até o fim e que espera um fim à altura das crueldades que fez ao longo da trama. Outro ponto a ser comemorado, para ela, é ser inserida em uma produção sem ter como foco o debate racial.
Nos bastidores da novela, Ana criou uma espécie de Video Show, no qual interage com os colegas de elenco, no que lembra a antiga atração de mesmo nome. O programa ia ao ar nas tardes globais e mostrava bastidores e dinâmicas da emissora.
Em um mundo em que números em redes sociais contam cada vez mais para a escolha de papéis (é só lembrar de Jade Picon como a protagonista em “Travessia”), a artista ressalta que não é influenciadora, e sim, atriz. Ela bate o pé quanto a isso.
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“Adorei quando a Alice Wegmann escreveu sobre isso, eu estava morrendo de vontade de escrever também mas estava em um dilema. As pessoas falam ‘você tem que criar conteúdo’, não é minha praia. As pessoas me seguem porque sou atriz, não influenciadora”, desabafa.
No Instagram, ela tem um pouco mais de 1 milhão de seguidores. No TikTok, o número chega a 1,4 milhão. “Coloco porque quero, mas não porque sou obrigada e não gostaria que colegas de profissão se sentissem obrigados. Faço porque gosto e tenho facilidade.”
Ana namora o chef de cozinha uruguaio Facundo Connio e o relacionamento é aberto, como quase todos os que já teve na vida. O primeiro começou aos 19 anos, quando ainda cursava artes cênicas na Universidade de São Paulo. Engajada com o coletivo feminista da faculdade, fez a proposta ao parceiro da época. Desde então, só namora se for assim.
“Na verdade, eu quase obriguei ele a isso. Foi uma imposição minha”, conta ela. “Comecei a ler textos teóricos e a questionar a monogamia, que só existe para as mulheres. Homens sempre traíram e isso é socialmente aceito.”
Apesar disso, Ana faz questão de ressaltar que, sim, é possível ser traída mesmo em um relacionamento não monogâmico —ela mesma já foi; um antigo namorado começou a flertar com outras pessoas na sua frente.
“Cada casal tem as suas regras, é sentar e conversar em detalhes e definir limites, com o que cada um se sente confortável. Essa fidelidade é mais preciosa, você está cuidando de uma regra que veio de uma vulnerabilidade da pessoa que você ama.”
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