O ex-policial militar Ronnie Lessa confessou em depoimento à polícia que matou a ex-vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes em março de 2018.
A declaração foi veiculada na noite do último domingo (27) no programa Fantástico, da TV Globo. Segundo Lessa, os mandantes da morte da ex-vereadora, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão haviam prometido um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro, como forma de pagamento pela morte de Marielle.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, ele falou em R$ 100 milhões que, realmente, as contas batem. R$ 100 milhões seria o lucro do loteamento. São 500 lotes de cada lado. Na época, daria mais de US$ 20 milhões”, disse o ex-PM.
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E acrescentou. “Foi um impacto. Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa”.
Segundo Lessa, no loteamento clandestino haveria a exploração de serviços como “gatonet”, venda de gás e transporte aos moradores. Durante o depoimento, o ex-PM apontou os irmãos Brazão como mandantes do assassinato de Marielle e Anderson.
“Então, na verdade, eu não fui contratado para matar a Marielle, como um assassino de aluguel. Não, eu fui chamado para uma sociedade”, declarou Lessa.
O ex-PM disse que teria se encontrado três vezes com Domingos e Chiquinho Brazão em uma avenida na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Na ocasião, os irmãos teriam falado sobre a motivação para matar a vereadora.
A Polícia Federal (PF) não conseguiu comprovar que os encontros de fato ocorreram, de acordo com a reportagem do Fantástico.
“A Marielle foi colocada como uma ‘pedra no caminho’. Ela teria convocado algumas reuniões ou uma reunião com várias lideranças comunitárias, se não me engano, no bairro de Vargem Grande ou Vargem Pequena, em Jacarepaguá, justamente para falar sobre essa situação, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia.”
“Isso foi o que o Domingos passou para a gente: ‘A Marielle vai atrapalhar e nós vamos seguir isso aí. Para isso, ela tem que sair do caminho’”, acrescentou Lessa, citando Domingos Brazão.
Ronnie Lessa ainda segue preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, desde dezembro de 2020.
Em março deste ano, o ministro do STF Alexandre de Moraes homologou a delação do ex-PM.
Segundo o Fantástico, a defesa de Domingos Brazão disse que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa exposta.
Já os advogados de Chiquinho Brazão afirmaram que a delação de Lessa “é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades”.
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