Durante um ano, após sofrer um grave acidente com moto, o operador de grandes embarcações Wemerson Jhonatan Gomes Azevedo percorreu insistentemente várias unidades de saúde — incluindo na rede privada — em busca de recuperar os movimentos do braço direito.
A queda e o choque afetaram diretamente os nervos de Wemerson, uma condição muito difícil de ser revertida. “Eu não conseguia mexer meu braço de jeito nenhum, nem a mão”, relembra. Segundo ele relembra, foram meses de agonia. “Praticamente todos os médicos diziam que o meu caso não tinha jeito, que seria muito difícil eu voltar a mexer meu braço devido ao rompimento dos nervos”, acrescenta.
Com 27 anos, Wemerson teve de parar de trabalhar e viu sua vida virar de cabeça para baixo. Mas, há pouco mais de um mês, seu caso estava sendo avaliado pelo neurocirurgião João Fabrício Palheta, no Hospital Regional do Tapajós, em Itaituba, município a sudoeste do Pará, onde vivem pouco mais de100 mil pessoas.
“Era uma situação realmente difícil e delicada. Mas o médico precisa buscar meios para reabilitar o paciente”, acrescenta o doutor João Fabrício. Ele então propôs a realização de uma cirurgia para “religar” os músculos do braço que haviam se rompido depois do acidente e Wemerson aceitou.
Antes da operação, o paciente realizou diversos exames no Regional do Tapajós, incluindo eletroneuromiografia de membros superiores e ressonância da coluna cervical. Durante o procedimento, que durou cinco horas, o neurocirurgião transferiu nervos funcionais do braço para áreas danificadas, restaurando a possibilidade de movimento e a sensibilidade do membro afetado.
“O Wemerson tinha uma lesão muito grave do plexo braquial com avulsão, ou seja, danos às raízes nervosas, o que prejudicava a flexão do braço e do cotovelo”, explicou o doutor João Fabrício. Assim, o médico utilizou uma técnica conhecida na medicina, mas inédita no Regional do Tapajós, a transposição de nervos periféricos. Em outras palavras, o neurocirurgião e sua equipe usaram nervos saudáveis do braço de Wemerson para substituir os nervos rompidos durante o acidente.
Trata-se de um procedimento complexo que requer precisão e equipamentos de alta tecnologia, como o microscópio cirúrgico. “Só de pensar que posso mexer meu braço novamente causa uma sensação difícil de explicar”, comemora Wemerson. “É bom saber que a gente tem um hospital público preparado para cuidar de casos difíceis como o meu. E que temos médicos interessados em resolver o problema do paciente, como o doutor João Fabrício. Só tenho a agradecer”, acrescentou.
O caso de Wemerson repercutiu no Regional do Tapajós. O diretor-geral Rafael Meskau destacou a função social que o hospital exerce para a comunidade de Itaituba e região. “A maioria dos habitantes depende do serviço púbico de saúde que o Governo do Pará mantém aqui no hospital. E nós temos a missão diária de acolher, diagnosticar, tratar e reabilitar todos os pacientes”, afirma o diretor.
Assim, acrescentou Meskau, “criamos todas as condições para que profissionais como o doutor João Fabricio e sua equipe possam trabalhar em benefício dos pacientes, buscando soluções muitas vezes inéditas aqui para Itaituba”.
Para se ter uma ideia do que afirma o diretor-geral sobre a importância do hospital para a região, em 2023, foram realizadas quase 6 mil cirurgias, uma média de 18 operações por dia.
Fonte: Plantão 24horas News – Ascom Sespa
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