O estudante de medicina André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, alvo de uma operação que investiga fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cobrava cerca de R$ 150 mil para realizar o exame no lugar de outros candidatos, em Marabá, no sudeste paraense, segundo informações da Polícia Federal. Conforme a apuração inicial da PF, o suspeito utilizava documentos falsos para fazer as provas no lugar de outros candidatos.
Segundo a investigação, ao menos dois candidatos teriam conseguido uma vaga em Medicina na Universidade Estadual do Pará (UEPA) por meio da fraude. A apuração ainda identificou que um dos candidatos já cursava medicina, enquanto o outro ainda não cursava devido não ter iniciado o período letivo.
“Há informações de que teria recebido algo em torno de R$ 150 mil. Isso teria sido feito em parcelas? Estamos apurando também se ele teria realizado outras provas de Enem, outras provas de concursos também, outros vestibulares”, diz o delegado Ezequias Martins, da Polícia Federal.
Segundo a PF, um dos suspeitos de participação no esquema é Moisés Oliveira Assunção, de 25 anos, que teria contratado André para realizar a prova no seu lugar. Ele foi aprovado no curso de Medicina na Uepa, campus Marabá, ainda neste ano.
A fraude foi confirmada após a assinatura verdadeira de Moisés e a assinatura que constava nos cartões de resposta e na redação serem analisadas. Os peritos realizaram a comparação entre as caligrafias e confirmaram diferenças nas assinaturas e na forma de escrever. A investigação mostra que foi dessa maneira que o candidato atingiu a nota de 960 na redação.
Ainda segundo a investigação, foi confirmado que Moisés teria trocado mensagens com namorada por volta das 15h26, no horário da prova. No segundo dia de prova, 12 de novembro, ele voltou a trocar mensagens com a namorada novamente no horário em que deveria estar realizando a prova.
A investigação ainda aponta que em 2022, André teria cometido a fraude ao se passar por Eliesio Bastos Ataíde, de 25 anos. Segundo a reportagem do Fantástico, ele teria realizado o mesmo esquema, beneficiando Eliesio que entrou em medicina na Uepa e cursou normalmente em 2023.
Segundo a reportagem, as defesas de André e Eliesio afirmaram que os dois são amigos e reforçaram a inocência dos suspeitos. “Nós provaremos que André e Eliesio são alunos de medicina e são inocentes. Não existe recebimento pelo André de nenhuma quantia para fazer a prova em nome de terceiros”, enfatiza Diego Freires, advogado dos jovens.
Já a defesa de Moisés afirma que “quem fez a prova foi o próprio Moisés. Ele está inteiramente interessado em apoiar e cooperar com a polícia e com a Justiça Federal para que esse assunto seja o mais rápido possível solucionado”, aponta.
Já o delegado que conduz as investigações do caso, diz que está sendo apurado “se ele teria realizado outras provas de Enem, outras provas de concursos também, outros vestibulares”, destaca Ezequias.
Por: Roma News
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