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Arte é antídoto contra o racismo no Pará

Celebra-se hoje, 20, em todo o território nacional, o Dia da Consciência Negra. Esta data foi escolhida por ter sido o dia da morte de Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, que ficava onde é hoje o Estado de Alagoas. Afinal, as gerações de afro-brasileiros que sucederam à época de escravidão sofreram e ainda sofrem diversos níveis de preconceito. E a arte tem sido uma ferramenta de transformação social, luta e instrumento de combate à intolerância e ao preconceito.

“Arte é um instrumento muito poderoso no combate contra o racismo, nessa luta antirracista. Primeiro pelo poder transformador que ela tem na vida das pessoas, a gente, artista preto, entende que nosso papel enquanto artista não é só o entretenimento, a gente leva empoderamento para as pessoas pretas através da música, da arte. A gente leva também pertencimento, conseguimos mostrar que somos potência e que também conseguimos transformar vidas”, falou o cantor Jeff Moraes, falando em seguida sobre a cantora paraense Gaby Amarantos ter ganhado o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com “Tecnoshow”, que mistura ritmos brega e eletrônico.

“A Gaby é uma mulher preta que saiu da periferia do Jurunas e que tem a sua arte invalidada no Brasil e aqui Belém também. Muitas das vezes a gente vê que a Gaby Amarante sofre haters absurdos e a gente sabe que isso é recorte racial, isso é racista. Ela, esse ano, logo quando foi indicada ao prêmio, sofreu xenofobia e racismo dentro de uma rádio, na Rádio Nova Brasil, por tocar música preta, periférica, amazônica, aí ela vai lá e ganha o Grammy. A gente consegue perceber a potência e a força de uma mulher preta amazônica ganhando o Grammy, disputando com diversos outros nomes da música brasileira, mas também nomes brancos. Aí a gente percebe que é possível, ela abre uma porta de possibilidade para diversos artistas pretos da Amazônia acreditarem, também, que conseguem chegar lá, porque ela conseguiu”, falou Jeff, destacando que esse é o poder transformador da arte no âmbito macro, mas quando falamos no nível local, micro, o trabalho dele enquanto cantor também transforma a vida de várias pessoas.

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“De vários meninos pretos, de vários artistas pretos que não conseguiam ver possibilidades de ocupar espaços que, por exemplo, eu conseguia ocupar. Então, a música não só me empoderou e me fez perceber que eu tinha um potencial para ser um grande artista, me ajudou a cantar aquilo que me fortalecia e que fortalece outras pessoas pretas. Aquilo que me faz doer e entender que a minha dor não precisa fazer parte do show, ela tem que ser denunciada e tem que ser apresentada para as pessoas em forma de protesto para que aquilo seja devastado da sociedade, que é quando eu canto ‘Menino preto, o extermínio da juventude negra na periferia’, mas quando também canto durante oito faixas do meu disco sobre a exaltação do amor preto, como é importante a gente se amar, a gente se olhar nos olhos. Então, entendo que a arte é um instrumento muito poderoso e, sem dúvida nenhuma, de transformação de vidas. A arte transforma vidas, empodera e salva pessoas pretas”, pontuou Jeff.

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Mas, segundo ele, apesar da arte ser um grande instrumento de transformação, a sociedade ainda é racista e precisa evoluir em muitos aspectos. “Vivemos numa sociedade extremamente racista, então, no momento que a gente acorda até o momento que vamos dormir, não sabemos se a gente vai chegar vivo em casa, porque a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Sem dúvida nenhuma a gente ainda está aqui, em 2023, debatendo que a gente precisa viver e não ser sobrevivente numa sociedade tão ruim e tão racista com a população negra”, disse Jeff.

O dado citado pelo cantor foi divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), ao lançar a campanha “Vidas Negras”, onde a organização afirmou que violência no país está relacionada ao racismo.

DOL

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