O ministro da Fazenda, Fernanda Haddad, disse hoje (23), em São Paulo, que os instrumentos financeiros para o Plano de Transformação Ecológica do governo federal deverão estar aprovados no Congresso Nacional até o fim do ano.
O plano foi apresentado pelo ministro em meados de agosto e visa a criação do mercado regulado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis e a reformulação do fundo do clima para financiar atividades que envolvem inovação tecnológica e sustentabilidade.
Faz parte, ainda, a criação de uma taxonomia sustentável nacional, um conjunto de normas para reconhecer projetos ou ativos sustentáveis, e que possa servir de baliza para orientar investimentos públicos e privados.
“Nós vamos terminar os instrumentos financeiros do Plano de Transformação Ecológica até o final do ano. O [projeto que regula o mercado de] crédito de carbono já está no Senado. O [projeto] Combustível do Futuro já está na Câmara, e a emissão dos primeiros títulos soberanos sustentáveis será feita nas próximas semanas”, disse Haddad, em visita à Universidade de São Paulo (USP).
O ministro salientou que o Plano de Ação da Taxonomia Sustentável Brasileira – colocado em consulta pública na quinta-feira (21) – deverá entrar em funcionamento em 2025. “Ontem, nós demos a público a consulta da taxonomia. E aí tem um trabalho de formulação e conclusão dos trabalhos. [A taxonomia] será voluntária em 2025 é obrigatória em 2026”, afirmou.
Haddad esteve na USP para conhecer o desenvolvimento da tecnologia que permitirá que um carro elétrico seja abastecido com hidrogênio retirado do etanol. O programa tem o potencial de praticamente zerar a emissão de carbono em toda a cadeia de abastecimento e funcionamento do veículo – que produz apenas água como resíduo.
“Eu vim conhecer o que me parece ser o projeto mais avançado na área de transformação ecológica do Brasil, salvo engano. A USP está liderando, com parcerias público-privadas e com órgãos públicos, uma pesquisa de ponta sobre a transformação do etanol em hidrogênio, o que vai permitir praticamente acabar com a poluição de veículos motorizados”, explicou.
O projeto é especialmente estratégico para o Brasil porque o país dispõe de etanol na sua rede de postos de abastecimento veicular. A ideia é que – em cada posto – seja instalado um equipamento, uma mini usina do tamanho de quatro bombas comuns, que obteria hidrogênio a partir do etanol – o que evitaria o transporte de hidrogênio por caminhões tanque, algo considerado perigoso e caro.
O carro movido a hidrogênio conta com uma célula que utiliza a molécula para produzir energia elétrica. Como resíduo, é produzida água. Na USP, um carro da Toyota já está rodando com a tecnologia.
“[Esse projeto] depende de mais recursos para pesquisa, alguma coisa em torno de R$ 500 milhões. O que me parece um investimento pequeno à luz do que ele vai trazer para a humanidade. Eu vim aqui para assumir compromissos com a universidade, levar à consideração dos órgãos federais a proposta, e eu vou com muito entusiasmo defender que esse projeto seja apoiado”, finalizou o ministro da Fazenda.
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