Você sabia que resíduos, como papelão e garrafas pet vazias, não representam apenas reciclagem, mas também uma forma rápida de geração de renda? O Instituto Alachaster, que atua na educação para a sustentabilidade, tem transformado todo material recolhido por moradores de Belém, na capital paraense, em uma “moeda verde circular” que permite a compra de mercadorias em empreendedores locais parceiros. Ou seja, além de impactar na diminuição de resíduos no aterro sanitário e contribuir no cuidado com o meio ambiente, a boa ação permite que o “lixo” se transforme em “lucro”.
Isso mesmo, os teus recicláveis, se levados em qualquer Ecoponto do Instituto Alachaster, podem ser trocados por créditos que você pode usar para fazer compras em empreendimentos parceiros durante o ano inteiro.
As empreendedoras Caroline Miranda, arquiteta e urbanista e proprietária da PranaTropical e a Liane Dias, barista e curadora de cafés e proprietária da BemCafeinado, estão entre os empresários locais que abraçaram a ação. Localizadas no bairro do Reduto, em Belém, elas estão entre estabelecimentos cadastrados no projeto.
Pequenas mudanças que geram grandes transformações
Caroline lembra que a Prana Tropical surgiu no meio da pandemia da Covid-19, quando ela e a irmã – que é artesã – decidiram unir as atividades. Trabalhando com arquitetura natural, bioconstrução e valorização da cultura local e a irmã com macramê e um lado artístico aflorado, elas resolveram criar o espaço comum para que ambas pudessem desenvolver suas atividades, que com o tempo também ganhou outras parcerias.
A arquiteta e empreendedora acredita que é através de pequenas transformações que há mudanças positivas e pontuais.
“A gente vai pontuando alguns espaços, vibrando parecido e partindo para essas mudanças”, destaca Caroline.
Assista:
Caroline Miranda reforça a importância da economia circular – conceito que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais – que traz benefícios direto para o mercado empreendedor, ou seja, aquilo que seria desperdiçado ou descartado, passa a ganhar um novo valor.
“Quando estamos desenvolvendo esse lado mais social, esse dinheiro não aparece tão claramente e por isso eu acho a moeda verde muito importante, porque ela te mostra ali, na prática, que a economia está circulando, que os resíduos estão sendo transformados em dinheiro e que esse dinheiro está dando retorno para o teu estabelecimento também. Eu incentivo o meu cliente a separar os resíduos dele, com isso a gente diminui os gastos e todo mundo sai ganhando“, enfatiza a empreendedora.
Veja o vídeo:
A consciência social transformada em atitudes
A empreendedora Liane Dias é dona de uma loja de cafés especiais – que também surgiu durante a pandemia da Covid-19 – que traz cafés de todo o Brasil, visando apresentar uma nova forma de consumir a bebida para os belenenses. Ela lembra que sempre teve essa veia social muito presente.
Formada em turismo há mais de 10 anos, o seu projeto de conclusão de curso (TCC) foi voltado para a responsabilidade social.
“Essa consciência de Amazônia, de não desperdiçar, de reduzir, de reciclar, de compostar, isso sempre esteve muito próximo de mim, sempre foi uma vontade muito grande”, recorda ela.
Apesar da boa vontade e da forte consciência social e ambiental, Liane acredita que tudo começou a fazer parte do seu dia a dia, na prática, após conhecer outros empreendedores e empresários que abriram caminhos e possibilidades.
“Eu consigo fazer uma compostagem porque eu já conheço pessoas e empresários desse meio que me trouxeram essa oportunidade. Eu consigo fazer a reciclagem porque conheço pessoas também do meio”, diz ela, fazendo referência de que atitudes e bons exemplos contagiam.
Assista:
Você sabia que até os filtros de café podem ganhar uma sobrevida e virar um material totalmente diferente do original? O que poderia ir parar no lixo, ganhou um novo destino após Liane conhecer o escritor e poeta criador dos livros em filtros de café, Carlos La Terza (Poesia em Filtro).
Ela, de Belém. Ele, de Minas Gerais. Mas, nem a distância impediu que ambos colocassem em prática as suas responsabilidades sociais. Liane envia os filtros de cafés usados para La Terza, que reaproveita o material produzindo livros em diversos formatos.
“Eu acho que temos que divulgar cada vez mais essas possibilidades, mas são coisas que eu também aprendi e consegui fazer porque estou inserida nesse mercado de trabalho, porque estou inserida no meio desses empreendedores e empresários com atitudes que beneficiam o meio ambiente”, destaca Liane.
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