Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quarta-feira (7), estima que o volume de vendas do comércio varejista para o Dia dos Namorados, comemorado em 12 de junho, vai alcançar R$ 2,54 bilhões, descontada a inflação, praticamente um retorno ao período pré-pandemia de covid-19.
Em 2019, a data registrou movimento financeiro de R$ 2,53 bilhões. O resultado projetado para este ano, contudo, mostra redução de 2,2% em relação à mesma data de 2022 (R$ 2,60 bilhões). O Dia dos Namorados é a sexta data comemorativa mais importante do varejo em termos de movimentação financeira, destaca a CNC.
O economista da CNC, Fabio Bentes, disse à Agência Brasil que a explicação para essa expectativa menor de vendas, na comparação com o ano passado, está muito concentrada nas condições de consumo. A boa notícia, segundo Bentes, é que a inflação está desacelerando, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses abaixo de 4%, o que não acontecia desde outubro de 2020. “Essa é a parte boa da história. O que está fazendo com que as vendas caiam este ano é a condição do mercado de crédito”.
De acordo com indicador do Banco Central (BC), a taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres alcançou 59,7% ao ano, em abril de 2023, maior taxa em quase seis anos para o Dia dos Namorados. “Associado a essa evolução da taxa de juros bem acima do observado no ano passado, a gente tem um grau de endividamento também muito elevado”. Segundo o bancl, o comprometimento da renda média está acima de 30% há um ano.
Tradicionalmente, além do setor de vestuário, o Dia dos Namorados tem boa saída nos bens de consumo durável, como eletroeletrônicos de modo geral. Fabio Bentes advertiu, entretanto, que quando o crédito fica caro, como está hoje, com a renda comprometida fica muito difícil o consumidor repetir o consumo do ano passado, porque há, basicamente, uma questão de crédito por trás dessa expectativa. Isso vai se refletir em todos os setores, exceto o de farmácia, drogaria, perfumaria, cosméticos, que deve ter um ligeiro aumento em relação ao ano passado. “É o único segmento do varejo que pode esperar algum crescimento”.
Isso se explica porque atualmente o consumo do varejo está muito concentrado nos itens essenciais, que incluem combustíveis, que não afeta a data comemorativa; supermercados, que além de não terem um apelo muito forte para o Dia dos Namorados, os preços estão muito altos; e farmácia, drogaria, perfumaria, cosméticos. “Desse trio de segmentos essenciais, sobrou basicamente farmácias e drogarias. Os demais, que dependem do crédito, devem ter uma queda significativa, em comparação ao ano passado”.
A preferência do consumidor brasileiro ainda recai no segmento de vestuário, porque o valor médio da compra acaba sendo menor do que o de outros, como o de eletroeletrônicos. “Na maioria das datas do varejo, excetuando Páscoa e Black Friday, vestuário costuma ser bastante impactado. Ali você tem a lembrancinha para a data não passar em branco”.
O setor de vestuário deverá ter queda neste período, em comparação com o ano passado. Juntos, os segmentos de vestuário, calçados e acessórios deverá movimentar R$ 1,021 bilhão, correspondendo a 41% do total. Em relação ao ano passado, no entanto, esse ramo do varejo tende a apresentar perda de 6,4%.
São Paulo (R$ 849,5 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 250,89 milhões) e Minas Gerais (R$ 232 milhões) responderão por mais da metade (52%) da movimentação financeira nacional com a data.
A cesta de bens e serviços mais consumidos no Dia dos Namorados revela expansão de 8,7% em comparação a 2022, contra alta de 3,9% do IPCA em 12 meses. Os maiores aumentos são observados em chocolates (12,2%), roupa masculina (12%), sapato masculino (17,5%), sapato feminino (14,4%), tênis (10,3%), produto para pele (18,2%), perfume (16,4%), artigo de maquiagem (17,5%, hospedagem (14,4%) e livro (11,9%). No sentido contrário, caem os preços de cinema, teatro e concertos (-1,4%), flores naturais (-2,5% e aparelhos telefônicos (-3,7%).
Sondagem feita pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) nos dias 26 e 29 de maio, com 820 consumidores da cidade do Rio de Janeiro, mostra que o gasto médio com presentes para o Dia dos Namorados será de R$ 200, superior ao do Dia das Mães (R$ 167) e da Páscoa (R$ 107). A movimentação financeira na data deve atingir cerca de R$ 446 milhões.
A pesquisa revela que 50,1% dos entrevistados pretendem comprar presentes, contra 45,7% que não vão presentear ninguém. Entre os que pretendem comprar ou já compraram algum presente, as preferências recaem em roupas (33,3%), seguidas de perfumes e cosméticos (21,7%); calçados, bolsas ou acessórios (17%); e joias ou bijuterias (8,3%). Do total de consumidores que vão presentear alguém na data, 65,2% disseram que pretendem comprar em lojas físicas e 27,3% em lojas virtuais.
O comércio lojista carioca está otimista em relação ao Dia dos Namorados deste ano e estima crescimento nas vendas de 3%. É o que sinaliza a pesquisa Expectativa de Vendas para o Dia dos Namorados, realizada entre 22 e 30 de maio pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e pelo Sindicato dos Lojistas do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio). Foram ouvidos 300 lojistas.
O presidente das duas entidades, Aldo Gonçalves, ressaltou que o otimismo é moderado entre os lojistas, uma vez que as vendas no primeiro trimestre tiveram um tímido aumento de 1%. Gonçalves afirmou que mesmo sendo uma das datas comemorativas mais importantes para o comércio, o setor continua preocupado com o cenário da economia no estado do Rio de Janeiro e, também, com a violência e a desordem urbana provocada pelos camelôs, que “crescem assustadoramente nas datas comemorativas”.
Agasalhos de frio, roupas, calçados (incluindo tênis), bolsas e acessórios, joias e bijuterias, perfumes, lingeries, smartphones, produtos de beleza e flores devem ser os produtos mais vendidos.
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