Em meio à rica biodiversidade da floresta amazônica, a solução para a adoção de uma geração de energia limpa pode estar onde nem se imagina. Concentrado no objetivo de reduzir o uso excessivo de lenha no processamento de alimentos, contribuindo para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o projeto Gira Sol reúne jovens que atuam na implementação de tecnologias sustentáveis para geração de energia limpa.
Diante do conhecimento acerca dos danos causados pelos gases emitidos pela queima de lenha e do custo cada vez mais elevado do gás de cozinha no preparo de alimentos, o projeto aposta na valorização de tecnologias que encontram, na natureza ou em resíduos que seriam descartados, a matéria-prima para a geração de energia.
Líder do projeto Gira Sol, Gustavo Brandão explica que o foco do projeto é beneficiar as comunidades tradicionais da Amazônia, que muitas vezes não têm acesso fácil ao gás de cozinha e acabam utilizando lenha e carvão, o que pode causar intoxicação e doenças relacionadas à emissão de gases. “Ele busca desenvolver tecnologias de energia limpa para o processamento sustentável de alimentos, como fornos solares, biodigestores e briquetadeiras”, pontua.
Equipamento simples, as briquetadeiras possibilitam transformar resíduos orgânicos facilmente encontrados nas comunidades atendidas pelo projeto, como caroço de açaí e casca de cacau, em briquetes, um tipo de biocombustível que pode substituir a lenha. “No desenvolvimento das briquetadeiras, a equipe contou com a mentoria técnica do engenheiro americano Lee Hite, um dos maiores especialistas globais no assunto, por meio da organização Engenheiros Sem Fronteiras. A tecnologia é utilizada para a confecção dos briquetes e funciona de maneira parecida com uma prensa manual, que ajuda a compactar os resíduos amazônicos, tornando possível a confecção de um carvão ecológico”, explica Gustavo.
Já o forno solar foi desenvolvido por meio de pesquisas na internet. A equipe que integra o projeto viu alguns modelos e decidiu adaptá-los de uma forma que tornasse mais fácil a sua confecção e utilização pelas comunidades amazônicas. Com ele, as comunidades têm a possibilidade de utilizar fontes renováveis como a luz do sol para auxiliar a cocção de alimentos, diminuindo o uso da lenha e, consequentemente, do desmatamento, além de contribuir com a redução d de doenças respiratórias e cardiovasculares ocasionadas pela fumaça.
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Terceira tecnologia utilizada pelo projeto, os biodigestores foram desenhados pelos membros do Gira Sol a partir de modelos encontrados na internet, com o objetivo de resolver outro problema da área rural: a carência no tratamento de resíduos sólidos. “Ao transformar o resíduo orgânico da comunidade em biogás, a tecnologia do biodigestor não só pode ajudar no processamento dos alimentos em escolas, restaurantes e centros comunitários, mas também evita que esse lixo se acumule no meio ambiente”, reforça o líder do projeto.
RECEPÇÃO
Apresentando possibilidades mais sustentáveis e acessíveis, tais tecnologias já têm transformado a realidade de comunidades da Ilha das Onças e no município de Bujaru (PA), onde o projeto atua. Gustavo avalia que, com base nas experiências da equipe durante o trabalho com as comunidades de Bujaru e da Ilha das Onças, a recepção das tecnologias do projeto tem sido muito positiva. “Notamos que as comunidades se mostraram bastante empolgadas em aprender a utilizar as tecnologias e até mesmo em auxiliar dando dicas e sugestões para o projeto. Essa interação e colaboração entre a equipe do projeto e as comunidades locais têm sido fundamental para o desenvolvimento do Gira Sol e para a implementação das tecnologias de maneira adequada e eficiente”.
Desde que foi criado, em 2021, o projeto já teve o trabalho reconhecido por diferentes premiações nacionais e internacionais. “O Projeto Gira Sol já recebeu alguns prêmios desde a sua criação. Entre eles, podemos destacar o Top 48 na Race to Climate Action; Top 12 no desafio da Ford C3 sobre Diversidade, Equidade & Inclusão; Top 5 no Programa Especial BIC: Escrevendo o futuro, juntos; Top 6 no Prêmio Inovação Social Amanco Wavin 2022 e Top 12 na Race to Feed the Planet. Esses prêmios são um reconhecimento importante do trabalho que estamos desenvolvendo e nos motivam ainda mais a continuar buscando soluções sustentáveis para as comunidades que atuamos e futuras comunidades que pretendemos atuar”, finaliza.
DOL
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