O principal parâmetro de precificação de veículos seminovos do Brasil é a tabela Fipe, resultado de pesquisa dos analistas da Fundação Getúlio Vargas, que fazem levantamento de dados em todas as regiões. Mas essas cotações podem apresentar distorções por fenômenos sazonais, segundo comparativo feito pela equipe de Estatísticas da Mobiauto, levando em conta as diferenças regionais de preços.
Startup do segmento automotivo que mais cresceu em 2022 e um dos 3 maiores portais de carros usados do país, a Mobiauto fez um levantamento com os 13 principais SUVs do mercado, estendendo sua pesquisa para veículos ano/modelo 2022, 2021, 2020 e 2019 – e particularizando as variações de preços das 5 regiões do país. Foram eles, em ordem alfabética: Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Fiat Pulse, Honda HR-V, Honda WR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Renault Captur, Renault Duster, Volkswagen Nivus e Volkswagen T-Cross.
No levantamento, a Mobiauto apurou diferenças de dados da tabela Fipe frente aos preços reais desses SUVs praticados na região Norte. O período de apuração foi em fevereiro de 2023 e apontou variações positivas de mais de 8% – alguns valem hoje quase 10% a mais do que a Fipe. Em sentido inverso, outros chegam a valer 6,5% a menos.
Essa diferença de mais de 14% é incomum, visto que a Fipe costuma ter grande precisão. Ocorre que o mercado automotivo tem variado fortemente nos últimos 36 meses. Primeiro foram os aumentos dos 0 km, que puxaram as cotações dos seminovos pra cima. Em seguida, com o retorno do abastecimento de componentes, houve um fenômeno inverso de início de depreciação, que se acentuou com os resultados pífios de vendas no primeiro bimestre de 2023. Se o carro novo está com vendas estagnadas, as promoções trazem os preços pra baixo e isso impacta diretamente os carros seminovos. Era isso o que estava ocorrendo.
Quem explica é o especialista automotivo Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto: “Só que esse fenômeno não é uniforme e as variações de preços também são consequências de ações de varejo mais ou menos agressivas de determinadas marcas, que provocam mudanças repentinas nas cotações e uma certa dificuldade em monitorá-las instantaneamente. Como a Mobiauto acompanha esses preços diariamente, temos condições de mapeá-los de imediato”.
E onde a Fipe entra nessa história? Por realizar uma pesquisa em todo o país e apurar preços de diversos outros bens de consumo (não só de veículos seminovos e usados), a instituição não tem condições de acompanhar a velocidade de variação, em razão desse histórico recente de sobe-e-desce dos preços. Após mapear os preços dos 13 SUVs compactos, a Mobiauto concluiu que a discrepância média de cotações entre os preços reais e a tabela Fipe é quase nula: 0,16%. “Mas aí entram particularidades regionais, como no caso da região Norte, onde essa média é de 0,39%, mas que em alguns casos pode passar de 8%”, diz Castro Jr.
A partir dessas diferenças, a recomendação é que o consumidor tenha atenção e utilize mais de uma fonte de pesquisa na hora de definir a venda de seu SUV. “Entre no site da Mobiauto e faça uma apuração mais precisa, levando em conta a cidade em que você reside”, alerta ele.
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