Piquet é condenado a pagar R$ 5 milhões por caso de racismo

O ex-piloto de Fórmula 1 e tricampeão mundial, Nelson Piquet, foi acusado de racismo e homofobia após ataques contra o heptacampeão Lewis Hamilton, após vídeos de uma entrevista do brasileiro viralizarem nas redes sociais. O caso foi denunciado ao Ministério Público de Brasília.

Na última sexta-feira (24), a 20º Vara Cível de Brasília condenou Nelson Piquet e o ex-piloto terá de pagar R$ 5 milhões em indenização pelos comentários racistas e homofóbicos direcionados a Lewis Hamilton.

Relembre o caso

Durante uma entrevista para o canal do Youtube “Motorsports Talks”, em 2021, Nelson Piquet chamou o heptacampeão mundial de F1 de “neguinho” e fez comentários homofóbicos sobre o piloto inglês.

Quando comentava sobre uma disputa no GP de Silverstone entre Hamilton e Max Verstappen, que é namorado da filha Piquet, o brasileiro se referiu a Lewis como “neguinho”.

“O ‘neguinho’ meteu o carro e não deixou [desviar]. O Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro [Verstappen] se f*deu. Fez uma p*ta sacanagem”, disse o ex-piloto.

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Em outro momento da conversa, além de ser racista novamente, Piquet ainda fez comentários homofóbicos sobre Lewis e ofendeu os campeões mundiais de F1 Keke e Nico Rosberg.

“Keke? Era um b*sta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato. O ‘neguinho’ [Hamilton] devia estar dando mais c*, naquela época e ‘tava’ meio ruim”, declarou Nelson.

Decisão

A decisão foi tomada pelo juiz Pedro Matos de Arruda. O magistrado disse que as falas do ex-piloto não podem ser ignoradas, especialmente por Piquet ser uma figura pública e que pode influenciar varias pessoas.

“Esta ofensa é intolerável. Mais ainda quando se considera a projeção que é dada quando é uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade”, escreveu o juiz na decisão.

Ainda no texto, o juiz considerou que como Piquet fez uma doação de mais de R$ 500 mil para a campanha de Jair Bolsonaro em 2022, ele poderia pagar os R$ 5 milhões “para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios”.

“Considerando que o réu se propôs a pagar mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para ajudar na campanha eleitoral de um candidato à presidência república, objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais justo que fixar a quantia de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) – que é o valor mínimo de sua renda bruta anual – para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios”.

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Todo o dinheiro da indenização será direcionado para um fundo de promoção de igualdade racial e contra o preconceito à comunidade LGBTQIA+.

O que disse Lewis Hamilton

Lewis Hamilton ainda não se posicionou oficialmente sobre a condenação de Piquet. Mas, na época em que os vídeos viralizaram, o inglês – que possui o título de cidadão honorário do Brasil – disse em português: “vamos focar em mudar a mentalidade”. Além disso, o heptacampeão ressaltou que “mentalidades arcaicas precisam mudar”.

“É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui um alvo por minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, escreveu o heptacampeão.

It’s more than language. These archaic mindsets need to change and have no place in our sport. I’ve been surrounded by these attitudes and targeted my whole life. There has been plenty of time to learn. Time has come for action.

— Lewis Hamilton (@LewisHamilton) June 28, 2022

Hamilton é o único piloto negro a competir oficialmente na Fórmula 1. O inglês também é o maior vencedor da categoria, ao lado de Michael Schumacher, ambos com sete títulos. O piloto é titular há 10 anos da equipe Mercedes.

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