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Fãs de Madonna selecionam os 40 hits indispensáveis da turnê

O anúncio da primeira turnê de Madonna desde 2019, feito há uma semana, causou rebuliço no mundo da música. Os shows, porém, ficam restritos à América do Norte e à Europa, deixando fãs brasileiros de mãos abanando. Este jornal convidou quatro especialistas na diva -a repórter especial Teté Ribeiro, o crítico de cinema Bruno Ghetti, o designer Márcio Sampaio e o editor da Ilustrada, Silas Martí- para montar o show ideal, com dez músicas perfeitas para celebrar os 40 anos de carreira de Madonna.

TETÉ RIBEIRO

“Into the Groove” – De 1985, composta para o melhor filme que Madonna fez como atriz até hoje, “Procura-se Susan Desesperadamente”.

“Express Yourself” – Homenagem de Madonna à banda Sly and the Family Stone, tem tudo a ver com empoderamento feminino, mas precede o termo

“La Isla Bonita” – Primeira incursão de Madonna por ritmos latinos, a música tinha sido oferecida antes para Michael Jackson, que recusou.

“Open your Heart” – Essa música foi composta como um rock´n´roll para Cindy Lauper, que recusou, Madonna ouviu, gostou, transformou num hit pop irresistível.

“Like a Prayer” – Nome do 4º álbum, de 1989, é minha favorita, e, no clipe, Madonna está morena, recurso que usa quando quer falar sério.

“Don’t Tell Me” – Madonna vaqueira. Impensável quando ela surgiu, virou verdade no ano 2000. Mas ela embutiu música eletrônica e muito feminismo, claro, como sempre.

“Beautiful Stranger” – Composta para a trilha do filme “Austin Powers”, de 1999, ótimo pop psicodélico com guitarra pesada que nunca devia ficar fora de nenhuma pista.

“Live to Tell” – Melhor balada de Madonna, composta para o grande amor de sua vida, o ator Sean Penn, que usou como trilha de seu filme “At Close Range”.

“Bitch I’m Madonna” – Do álbum Rebel Heart, de 2015, tem participação da rapper Nicki Minaj e dispensa explicações. Bitch, she’s Madonna, afinal.

“Medellin” – Hit e clipe clássicos desde o lançamento, em 2019, apresenta o seu novo alter ego, Madame X, e volta à latinidade musical que ela ama.

BRUNO GHETTI

“Borderline” – Música da primeira fase da cantora, quando ela ainda tinha a insolência típica de aspirante a ídolo pop, quando ainda não se tem muito a perder

“Crazy for You” – Ainda hoje uma das baladas românticas mais apreciadas pelos fãs. Foi tema do longa “Em Busca da Vitória”, de 1985

“Beautiful Stranger” – Foi parte da trilha sonora da comédia “Austin Powers: O Agente Bond Cama”, de 1999. O clipe da canção, em que Mike Meyers flerta com Madonna, talvez tenha ficado mais na memória do que o filme. É uma das músicas com o melhor duo melodia-arranjo de toda a carreira da loira

“Like a Virgin” – Foi com ela que a cantora deixou de ser uma promessa e se tornou um ícone pop

“Deeper and Deeper” – Quando se fala na fase “Erotica”, talvez este hino LGBT não seja a música mais lembrada, mas é provável que seja a melhor de todo o histórico álbum de 1992

“Justify My Love” – Funcionaria como o momento de maior voltagem sexy do espetáculo, com Madonna ao microfone enquanto um telão mostra cenas do brilhante videoclipe da canção

“Ray of Light” – Uma Madonna mais madura, e também mais espiritualizada: foi assim que a cantora surgiu quando lançou o álbum homônimo, em 1998. Os arranjos incluem instrumentos que permitem fazer o ouvinte se lançar em uma experiência mística ou, talvez, até psicodélica

“Take a Bow” – Momento de relembrar a paixão de Madonna pela latinidade

“Don’t Cry For Me Argentina” – No melhor filme em que já atuou, “Evita”, de 1996, há várias pérolas que também merecem destaque: “Oh, What a Circus!”, “Rainbow High” ou a oscarizada “You Must Love Me”. Mas nenhuma é tão icônica como a que é entoada quando Eva Perón aparece na varanda para falar ao povo argentino

“Like a Prayer” – A música perfeita para o bis. Afinal, quem não gosta de “Like a Prayer”, mesmo tocada à exaustão, quando lançada em 1989?

MÁRCIO SAMPAIO

“Vogue” – Quando Madonna lançou este clássico de 1990, as pessoas descobriram que os passinhos haviam sido criados na década de 1980 nas festas chamadas Ballrooms em Nova York por bichas e travestis pobres e pretas. Desde então, nunca mais as gays de todo o mundo deixaram de fazer o clássico agachamento tocando a cabeça nas pistas

“Holiday” – Feriado já é bom, e ao som dessa explosão fica melhor ainda. Essa música parece transformar qualquer festa em uma chuva de papel picado

“True Blue” – Essa baladinha que geralmente era tocada no final das festas quando todos, já embriagados, cantavam e faziam passinhos como se fosse um ritual de acasalamento —e sempre funcionava.

“Deeper and Deeper” – Apesar de ser uma canção de amor, o título sempre me levava a pensar que era uma música de suruba. Talvez fosse uma premonição pois, em 1993, em seu primeiro show no Brasil, o ‘The Girlie Show’, Madonna apresentava a música numa coreografia que parecia uma orgia frenética com bailarinos e bailarinas suados e praticamente sem roupa

“Nothing Really Matters” – É considerada a música mais morna do disco “Ray of Light”. Mas a diva não ia levar essa crítica para a casa quietinha. Num dos melhores videoclipes já feitos, em 1999, ela surge como uma Nossa Senhora japonesa segurando um saco plástico como se fosse o menino Jesus. Para mim ainda é um dos clipes mais modernos até hoje

“Frozen” – A batida chiquérrima permeia uma letra com ar religioso na qual ela diz não se sentir suficientemente perto do céu

“Ray of Light” – Título do meu disco preferido, essa faixa era a mais esperada nas boates. O raio de luz dominava as pistas dos clubinhos LGBTQIA+ e parecia que o efeito do álcool e das drogas era potencializado pela batida acelerada da música

“Music” – Madonna continua querendo a pista lotada. Já mais velha, desta vez ela pede ajuda ao DJ pra mostrar o seu boogie-woogie ostentação

“Hung Up” – Nesta faixa, Madonna volta aos anos de 1980 com collant, polaina e muitas cores fluorescentes. Com sample da banda sueca Abba, o barulhinho da introdução já atiça a bateção de cabelo

“What it Feels Like for a Girl” – Essa faixa já era ótima, mas a rainha do pop resolveu incrementar e lançou um clipe com a música remixada em que ela interpreta uma bandida que dirige um carro amarelo que traz nas placas as palavras “pussy” e “cat” enquanto sai freneticamente pelas ruas com uma velhinha que sequestra de um asilo

SILAS MARTÍ

“Burning Up” – Um dos primeiros singles lançados pela artista, a canção resiste ainda como uma explosão autêntica de energia oitentista. Ouvir “Burning Up” é voltar a uma pista de dança grudenta e esfumaçada comme il faut, daquela Nova York que hoje só existe nos nossos sonhos mais nostálgicos

“Holiday” – Sim, precisamos de férias. Volta e meia, essa canção volta a ser o hino de celebração que sempre foi. Mesmo com batidas mais relaxadas, nunca fez feio numa pista e sempre frequentou o repertório da diva. Nas quatro décadas que se celebram agora, seria um crime que ficasse de fora da lista.

“Keep It Together” – Escondida no disco que lançou o megahit “Like a Prayer”, este é um lado B delicioso. Dá para entender por que ficou na sombra esse tempo todo e quase nunca é lembrado, mas seu manifesto pelo amor fraternal numa das épocas mais tensas da história recente ainda vale ser ouvido de novo e de novo

“Vogue” – Clássico dos clássicos, a canção já mostrava por que Madonna é uma artista incontornável, sempre em sintonia com aquilo que é a essência sonora, visual, estética de sua época. Do underground nova-iorquino, a artista talhou a música que se tornou um hino gay e um manifesto hedonista

“Rescue Me” – Na dificuldade de escolher só dez canções, essa ganha no duelo com “Justify My Love”, mas penso nas duas como extensão uma da outra ali no finzinho do “Immaculate Collection”. É um crescendo de energia e potência feminina, um dos mais belos momentos da voz da diva, que, sim, sabe cantar

“Erotica” – Outro divisor de águas na carreira da artista, esta não pode ficar de fora. Madonna se reinventou no álbum que leva o mesmo nome e pavimentou o caminho para outras revoluções estéticas que viriam depois, com “Bedtime Stories” e “Ray of Light”. É puro tesão, não precisa dizer mais nada.

“Deeper and Deeper” – Pornográfica no título, recatada na letra, é outra daquelas faixas que chacoalham qualquer pista e já tem a pegada retrô que marcaria a delícia que foi “Confessions on a Dancefloor”, de anos mais tarde. No mesmo álbum de “Erotica” e “Waiting”, esta às vezes rouba fácil os holofotes na memória do fã

“Secret” – Aqui tudo toma outro rumo. Mas é irresistível o clima de speakeasy do Harlem, a cantora numa fase mais madura do ponto de vista artístico a ponto de se arriscar a abandonar o fervo das pistas e embarcar numa balada quase soul. E confesso que “Bedtime Stories” é o meu disco preferido de Madonna

“I’d Rather Be Your Lover” – Do mesmo disco, esta é outra das mais grudentas e safadas, fácil de esquecer só que muito mais fácil ainda de lembrar. É daquelas canções que deslizam sem freio e mais uma incontável confissão de desejo e tesão por parte da mais despudorada de todas as divas da música pop na história

“Hung Up” – O mergulho na música disco e no clássico do Abba fez desta uma das canções mais em sintonia com mais uma onda retrô que varreu a música pop. Veríamos ecos desse retorno ao fundo do baú em artistas como The Weeknd depois, mas Madonna chegou lá antes. E a música marcou a entrada do novo milênio

DOL

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