Na sexta-feira da semana passada (20/05), uma Audiência Pública entre o MPF, Sociedade Civil, Instituições Governamentais e não Governamentais, debateu os impactos do mercúrio na bacia do Tapajós. O Evento foi realizado no Auditório da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará), em Santarém Oeste Paraense.
Na Audiência o MPF apresentou diversos estudos técnicos, dentre os quais os elaborados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela UFOPA que apontaram grave estado de contaminação por mercúrio do povo Munduruku, habitantes da bacia. Nas pesquisas, níveis de mercúrio acima de limites seguros foram detectados em 57,9% a 99,09% dos indígenas avaliados.
Foto: Reprodução Vídeo da Audiência em Santarém PA
Um dos estudos verificou que 72,72% dos examinados relataram algum sinal ou sintoma sistêmico de contaminação, dentre os quais 87,5% eram de origem neurológica. A análise dos peixes indicou que não há dúvidas que os indígenas ingerem pescado contaminado por mercúrio em concentrações muito acima dos limites reconhecidos internacionalmente como seguros.
Como resultado do debate entre os participantes, a decisão tomada pelo Ministério Público em Itaituba, Sudoeste do Pará, está causando uma grande preocupação à classe garimpeira atuante na Região.
De acordo com a Associação de Mineradores de Ouro do Tapajós (AMOT), um inquérito de Ação Civil, movido pelo Promotor Federal do município, pede a paralização de toda e qualquer atividade garimpeira na bacia do Tapajós, para que um estudo técnico e avançado sobre a poluição do mercúrio no pescado e na própria população seja realizado.
“O pedido do Ministério Público Federal aqui, é de que paralisassem as atividades do Tapajós, todas as atividades de extração mineral por seis meses, pra fazer uma pesquisa do avanço da poluição mercurial no Tapajós. Eles acreditam que esta poluição mercurial que aí está, seja em função do mercúrio de garimpo. Quando uma situação não tem nada haver com a outra, uma é a situação do mercúrio presente nas plantas da Amazônia e outra do garimpo”. Informou José Altino, Delegado Nacional da AMOT.
José Altino, Delegado Nacional da AMOT/Foto: Portal Plantão24Horas News
Segundo o delegado, caso as atividades de garimpo sejam paralisadas na bacia do Tapajós, a Economia da Região será extremamente afetada. “Eu acredito sinceramente que ele esteja agindo desta forma pela pouca experiência que ele tem, pela pouca visão que tem de um todo a nível Nacional e Regional, porque realmente, ele não tem ideia da dimensão do mundo que ele quer parar e também ele não disse vamos parar no Tapajós e vamos fazer o que com as pessoas do Tapajós? Ele nem imagina a quantidade de pessoas que dependem desta atividade, a atividade é brutal, o Tapajós dos 42 bilhões por ano das atividades minerais na Amazônia é responsável por pelo menos 30. Então ele não tem ideia do que ele está fazendo, ele está igual aquelas pessoas que só escuta o que ele quer e anda com quem deseja. Então ele não forma a opinião de um todo, ele não entende o que de um todo e não tem responsabilidade com as próprias atitudes que tem. Quer dizer a pessoa precisa ter respeito e cavalgar em razão dos outros, se não vai acabar causando um desastre pra nós aqui”.
Além da Associação de Mineradores de Ouro do Tapajós (AMOT), a liderança dos garimpeiros da Região, tem acompanhado de perto toda a Ação do Ministério Público e para ela a suspensão da atividade que movimenta mais de 80% da economia sofrerá muito.
Letícia Estrela, líder dos garimpeiros do Tapajós/Foto: Portal Plantão24Horas News
“Olha se isso realmente vier acontecer, o município, a região do Tapajós vai sofrer muito economicamente. Iremos ao caos porque aqui 80% gira em torno da atividade garimpeira, então a gente tem que se unir entre cooperativas, institutos, todo mundo buscar essa união e levar a Autoridade um pedido de que isso não possa ocorrer no município, esse pedido inclusive está em tramitação e a gente estará levando representantes para que possam procurar a justiça para intervir a este pedido”. Garantiu Letícia Estrela, líder dos garimpeiros do Tapajós.
Fonte: Portal Plantão24Horas News
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