No passado, a religião possuía um papel determinante na política e influenciava de forma direta o futuro de uma nação. Estado e Religião se fundiam em uma única estrutura, formando assim, um pensamento dominante e de forte ideologia. No antigo Egito, por exemplo, o Faraó, autoridade máxima, também desempenhava o papel de uma figura sobrenatural, um Deus. Sua palavra, além de lei, era divina. A Roma antiga é outro exemplo e, mesmo depois da conversão de Roma ao Cristianismo (com o imperador Constantino em 312 d.c), a estrutura Estado/religião permaneceu. Na Idade Média (entre os séculos V e XV), o que vamos ver são nações e reinos, também sendo erguidos em nome desse ideal.
Já no século XVI, a Reforma Protestante (1517), através do monge Martinho Lutero, rompe com essa estrutura e dá início à desconstrução de um pensamento opressor que por anos foi difundido na igreja medieval. Mas, infelizmente, anos mais tarde, novos impérios religiosos foram erguidos, capazes de andar lado a lado com estruturas políticas sanguinárias… Foi assim na Segunda Guerra Mundial e nas ditaduras que vieram posteriormente.
No Brasil colonial, a estrutura religiosa esteve nas mãos da Igreja Católica, que dominou durante anos toda a forma de pensamento e comportamento do povo. Em um artigo escrito em 1970, intitulado “Igreja e Estado: o Catolicismo brasileiro em época de transição”, destaca a influência de fatores políticos na transformação institucional da Igreja no Brasil, analisando o conflito com o poder político.
Mas foi na década de 80 que conseguimos perceber o aparecimento de uma nova corrente religiosa, o protestantismo que passou a crescer de forma acelerada entre a população, ganhando visibilidade durante o processo eletivo para a Assembleia Constituinte de 1986, quando criaram uma bancada suprapartidária composta por diversos parlamentares ligados às diferentes agremiações evangélicas. Da década de 80 para cá, o número de parlamentares declaradamente evangélicos só fez aumentar, e a mudança se explica pelo crescimento expressivo da população evangélica no Brasil.
Um aumento tão evidente, nos dias atuais, que transformou a Igreja Evangélica numa espécie de “fiel da balança” no cenário político brasieliro, capaz de atrair olhares de todos os partidos e candidatos. Algo que poderia ser em prol de uma boa causa, mas o que vemos na verdade, são líderes gananciosos usurpando desse cenário, influenciando seus membros para votarem no candidato do interesse da igreja, garantindo com isso, não só lucro, mas vantajosos benefícios para o seu grupo.
Ao analisar o comportamento de Jesus e de seus seguidores em meio às questões diárias, percebemos que Cristo esteve atento ao que ocorria em sua comunidade, e em diversos momentos se deparou com a política existente da época. Mesmo assim, ele não precisou se aliar a lideranças políticas e nem estabelecer uma forma de governo ou ideologia partidária. Esse ideal de Cristo é explicitamente demonstrado por seus discípulos e apóstolos que expandiram esses pensamentos para o resto do mundo.
Dentre vários exemplos desse ideal, posso destacar o ocorrido no ano de 1879, através do missionário Batista William Carey. Ele é considerado como o “pai das missões modernas” no século XVIII. Quando, em viagem à Índia, Carey observou uma grande injustiça cometida naquele país. Onde toda mulher viúva, deveria ser queimada junto ao corpo de seu marido (costume conhecido como “sati”), William lutou junto às lideranças daquela comunidade para que essa injustiça fosse corrigida, ele não precisou se unir ou fazer qualquer aliança política.
A luta por direitos é uma das marcas da Igreja de Cristo, mas essa luta não deve ser usada como desculpa para se aliar a partidos políticos. A igreja não foi chamada para estabelecer governos ou influenciar de forma direta a política de uma nação. Nosso papel é outro e devemos ficar atentos ao que acontece à nossa volta, orando pelas autoridades e lutando ao lado da sociedade para que todos possam ter voz e vez.
Em um artigo escrito pelo Pastor Rui Raiol, intitulado “Religião e Política – Uma mistura mortal”, ele descreve o atual cenário político/religioso existente em nosso país: “Hoje, a política e a igreja evangélica brasileiras estão gravemente tocadas. Uma onda de fanatismo, idolatria política e fundamentalismo está adoecendo mentes fracas que frequentam os templos. A política está confusa, tendo como protagonistas tais “crentes”, que em plena ignorância dos ensinos de Cristo, parecem dispostos a morrer e a matar por ideais partidários. Religião e política constituem uma mistura mortal, mortal para ambos os lados.”
Ao se misturar com a política, a igreja que deveria ser um farol, que aponta o norte, o lugar seguro para as pessoas, se tornou um lugar insalubre e que causa divisão entre as pessoas. E o Evangelho é um chamamento à unidade na diversidade.
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