A Polícia Rodoviária Federal apreendeu no Pará, no ano passado, 1.551 quilos de cocaína. Um aumento, histórico, de 4.091% em relação a 2020. A retirada dessa droga do mercado causou, aos traficantes, um prejuízo de R$ 279 milhões. Isso se deve, basicamente, a dois fatores: um direcionamento melhor das ações da PRF e, também, à busca, pelos criminosos, de novas rotas, no Estado, para o transporte da droga. “Temos direcionado melhor as nossas ações no sentido de realizar uma fiscalização mais assertiva, no que concerne ao tráfico de drogas”, disse o superintendente da PRF no Pará, Carlos André Costa. “A gente percebe que a criminalidade organizada sempre busca rotas alternativas. E nós temos realizado esse mapeamento no Pará. Nós sabemos que muitas rotas que antes não eram utilizadas hoje estão sendo usadas”, afirmou. Muitos entorpecentes chegam por rotas fluviais e, depois, são transportados pelas rodovias federais e estaduais que cortam o Estado.
Quando os traficantes começam a ter muita droga apreendida, em algumas determinadas regiões do país, eles migram para outras rotas. “A gente percebia que, no Brasil, o tráfico de drogas era eminentemente pela região Centro-Oeste e, aí, seguia para os grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro. Hoje em dia, como está tendo um direcionamento maior da fiscalização nessa região, eles estão buscando rotas alternativas e o Pará acaba surgindo como uma dessas rotas alternativas. É um estado com dimensões continentais. São muitas rodovias para uma quantidade de policiamento proporcionalmente menor em relação a outras regiões do país. Então eles acreditam que, trafegando por essas rodovias, vão ter menos fiscalização”, afirmou.
E, exatamente por essa razão, a Polícia Rodoviária Federal tem intensificado as fiscalizações nessas rodovias. “Temos a BR 230, que é a Transamazônica, uma das que mais tem apreensão, que vem ali da região de fronteira com outros países, que são produtores de droga. Temos também aqui os nossos rios, que acabam sendo um meio de transporte para as drogas e outros ilícitos e estamos mapeando essas rotas”, contou.
BRs 230, a Transamazônica, e a 010, a Belém-Brasília, que são as principais rotas usadas pelos criminosos,
Os policiais também verificam quais os veículos que transitam normalmente nessas rotas e, a partir daí, direcionam a fiscalização para que se tenha resultados mais efetivos. “Tanto que conseguimos aumentar significativamente a quantidade de drogas apreendidas e de objetos de descaminho ou contrabando transitando em nossas rodovias federais”, explicou. A PRF também apreendeu 4.124 unidades de anfetaminas, um prejuízo estimado de R$ 24 mil. E, ainda, seis quilos de crack (50% a mais que em 2020), causando um prejuízo de R$ 63 mil, e 52 unidades de ecstasy, um prejuízo de R$ 2 mil. Também apreendeu 491 quilos de maconha (prejuízo de R$ 1 milhão), 33 quilos de skunk (prejuízo de R$ 396 mil). Houve, ainda, a apreensão de 115 armas de fogo (prejuízo estimado de R$ 366 mil) e de 44.495 unidades de munições (aumento de 3.779%), um prejuízo estimado de R$ 133 mil.
A BR 230, a Transamazônica, e a 010, a Belém-Brasília, que são as principais rotas usadas pelos criminosos, para, na sequência, as drogas serem levadas para o nordeste e o sul e sudeste do país. O superintendente Carlos André disse que as principais apreensões, hoje, têm ocorrido no município de Altamira, pela BR Transamazônica, e Dom Eliseu, pela BR 010. “Esses municípios têm se destacado em apreensões. Mas nós fiscalizamos durante todo o trecho. Eles sempre buscam desviar das nossas fiscalizações. Aí, a gente sempre muda o local de fiscalização”, explicou. Uma das estratégias adotadas pelos criminosos, para tentar driblar a fiscalização, é “trabalhar com batedores”. Ou seja, alguém passa com um veículo, que não está transportando nenhum ilícito, só para verificar se está tendo fiscalização da PRF naquele trecho da rodovia federal. Se esse trabalho estiver sendo realizado, eles, então, não seguem viagem, param em um local e desviam a rota. “Fazemos o acompanhamento dessas ações, tentando identificar quais são os veículos comumente utilizados como batedores e os veículos que estão trafegando com produtos ilícitos”, afirmou.
Também em 2021, a PRF recuperou 1.116 veículos (um aumento de 211% em relação a 2020). “Isso coloca a PRF do Pará em uma posição de destaque no cenário nacional, sendo uma das regionais que mais recuperam veículos roubados no país”, afirmou o superintendente Carlos André. Isso se deve à capacitação dos servidores da PRF. “Fizemos diversos cursos, para que o policial não olhe simplesmente para elementos identificadores do veículo que estão visíveis – a placa pode ser trocada, muitas vezes, chassi e o número do motor podem ser adulterados. Temos uma das equipes mais especializadas do país na identificação de veículos que foram adulterados”, afirmou.
Ele acrescentou: “A partir da identificação que o veículo é adulterado, a gente faz toda uma investigação para descobrir qual é o veículo original. E a partir daí o veículo original, tendo ocorrência de roubo ou furto, tem que estiver conduzindo o veículo é preso e levado à delegacia e o veículo é restituído ao seu verdadeiro proprietário”. Muitas dessas apreensões ocorrem em Belém e, também, em Altamira. São locais onde realmente tem um maior fluxo de veículos. Com isso, os acusados tentam fazer com que esses veículos infiltrem aos regulares para, assim, passarem despercebidos. Para 2022, a PRF vai intensificar o combate à criminalidade nas rodovias federais do Estado. “Estamos preparando cada vez mais policiais para fazer análises e direcionar o nosso policiamento. Temos trabalhado muito com o policiamento orientado, para evitar ter retrabalho ou muito trabalho para pouco resultado. É muito do tirocínio policial e muito da análise que temos diante de nós”, afirmou.
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