Na manhã desta terça-feira (11), uma equipe de peritos do Núcleo de Engenharia Aplicada (NEA), da Polícia Científica do Pará (PCP), iniciou os trabalhos periciais de danos e investigação de incêndio que consumiu uma loja de autopeças no bairro do Telégrafo, no último domingo (9), para investigar criteriosamente as origens do incêndio e se foi criminoso ou acidental. Seis peritos do núcleo deslocaram-se até o local, dentre eles engenheiros especialistas em estruturas civis e em eletricidade.
Antes de adentrar o imóvel, os peritos fizeram o reconhecimento da área externa, averiguando se ainda havia focos de incêndio. Em seguida, os primeiros vestígios foram coletados por meio de imagens e observação da quantidade de avarias. Além disso, foi utilizado drone para mapear e documentar o local, dando a possibilidade de uma visão ampla da situação.
Para a perita criminal Socorro Raiol, engenheira especialista em estruturas, "a nossa finalidade é fazer o levantamento das edificações que apresentam risco de desabamento ou que tenham condições de serem recuperadas. Tudo com o objetivo de preservar a integridade das pessoas que vivem nos entornos e dos transeuntes, além de verificar as áreas que precisam ser demolidas". Devido ao risco de desabamento da parede que fica para o lado da rua Frederico Scheneippe, foi necessário fazer um escoramento para impedir que esta estrutura caísse numa área de risco para a população e para os agentes da segurança pública que continuarão trabalhando neste caso in loco.
Uma das principais análises é se o incêndio iniciou por motivos estruturais ou elétricos. Para o perito engenheiro eletricista, Márcio Moreira, a análise das áreas de alta e baixa tensão será fundamental para as investigações. "Vamos checar, na subestação do prédio, se há a possibilidade de ter havido algum curto circuito ou falta de manutenção que pode ter causado algum problema elétrico e depois vamos verificar outros tipos de aparelhos elétricos que utilizam internamente ao prédio, como aparelhos de ar condicionado, por exemplo, que também podem ter sido a causa do incêndio. Vamos analisar também o prédio externamente para descartar a possibilidade de algum problema na rede elétrica externa", explicou o perito do NEA.
Além das causas do incêndio, os peritos investigam o porquê de o fogo ter se alastrado pela loja e pelas casas vizinhas de forma tão rápida e com o volume tão alto, impossibilitando os funcionários presentes no início do foco de conterem as chamas. "Vamos averiguar se há relação com a presença de produtos inflamáveis presentes estoque do estabelecimento, como tintas automotivas, pneus, óleos, solventes, entre outros", explicou Priscilla Reis, perita lotada na Coordenação Regional de Castanhal, que compôs a equipe de peritos.
Para o perito criminal José Moreira, responsável pela operação, "o trabalho nesta perícia vai ser concluir se o incêndio foi provocado, se foi acidente, se foi decorrente de descarga atmosférica, entre diversas outras possíveis causas. Devido à complexidade do caso e ao porte do prédio, a perícia será concluída até a próxima sexta-feira (14)". O laudo definitivo tem previsão de ser entregue pelo NEA em 30 dias, a contar do último dia de trabalho pericial.
Trabalho em conjunto
Munidos de equipamentos de proteção individual, a equipe pericial e uma equipe do Corpo de Bombeiros adentraram o local pela entrada que funcionava como a principal do estabelecimento, localizada na Avenida Senador Lemos.
Para o Capitão do 1º Grupamento Bombeiro Militar, João Luiz, a vistoria dos bombeiros é fundamental para melhorar o trabalho do órgão. "Usamos a vistoria para ver onde estamos falhando, se é quanto à prevenção, quanto à área técnica, em questões legislativas ou se é na própria atuação dos bombeiros militares no serviço de emergência", afirmou o capitão.
Esta é a principal diferença da perícia dos bombeiros militar para a perícia da Polícia Científica, que tem a finalidade de investigar as causas do ocorrido e entregar o laudo às autoridades policiais, que prosseguirão com as investigações.
Outro perito criminal presente nesta perícia, o engenheiro Alberto Sá, explica que é fundamental que a perícia faça um trabalho em conjunto com os bombeiros para que se garanta a preservação dos vestígios no local. "Uma vez que uma equipe, seja da perícia ou dos bombeiros, começa a mexer no local, principalmente na zona de origem do incêndio, já retira o vestígio para uma possível conclusão da outra parte. Por isso a finalidade de trabalharmos dessa forma", explicou o perito.
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