Aprovado pelo edital “Preamar” da Secretaria estadual de Cultura do Pará (Secult), o projeto conta com obras produzidas a partir de 35 espécies diferentes de madeiras, formando uma grande Xiloteca (banco de dados), que foi catalogado pelo artista.
As peças produzidas por Marcone possuem o formato de “bandeiras juninas”, uma nítida referência a Alfredo Volpi, um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20, que conjugou elementos da chamada cultura popular, como uma tentativa de síntese da identidade cultural brasileira nas artes visuais.
Com a rica biodiversidade da região amazônica a sua disposição, o artista Marabaense reuniu uma variedade de espécies de madeiras, com cores, texturas, veios e densidades únicas, que simbolizada através das bandeiras juninas de variadas dimensões, agrupam-se essas peças em espaços como um experiência estética única e inovadora.
Aproveitando a arquitetura popular como suporte, o artista expõem suas obras em Marabá, em muros e calçadas, que ecoam a plasticidade construtiva em sua organização formal, onde a matéria exausta passa a ser a do próprio suporte que acolhe a instalação, e sua arquitetura desgastada e cheia de marcas, trazem as madeiras diferentes significados.
De acordo com o artista nos últimos anos, ele vem se dedicando cada vez mais por designer e marcenaria, de onde surgiu a ideia do projeto da Xiloteca, que tem entre seus objetivos discutir e debater, ameaça de extinção de diversas espécies de arvores típicas da região amazônica.
“Estou contente com o resultado final desse projeto, devido à pandemia iremos fazer uma exposição online, que contara com um vídeo documental que ira dar visibilidade aos processos de execução e montagem da obra em espaços público de Marabá”, explicou o artista.
Marcone ainda ressalta que pretende seguir ampliando o projeto ao longo dos próximos anos, abraçando mais espécies de madeiras, possibilitando assim uma discussão maior a respeito da temática.
A produção do curta documental contou com a parceria do premiado produtor cinematográfico paraense Evandro Medeiros.
As xilotecas são coleções botânicas constituídas por amostras de madeira obtidas, catalogadas e armazenadas segundo técnicas específicas. Seu valor para o conhecimento científico e econômico das espécies madeireiras existentes é incalculável, uma vez que além de reunirem uma grande quantidade de dados sobre essas espécies, auxiliam na identificação de novas amostras e subsidiam os estudos de caracterização da madeira.
O multi artista Marcone Moreira, possui domínio de várias técnicas, do qual vem participando, desde 1998, de diversas exposições pelo país e no exterior. Sua obra abrange varias linguagens, como a produção de pinturas, esculturas, vídeos, objetos, fotografias, e instalações.
Nesta sua andança, Marcone vem construindo uma carreira artística com muita pulsão e poesia, que são trunfos de suas criações. Suas obras transitam por experiências que lidam com o vasto mundo rotineiro e, por isso mesmo, dificilmente podem ser tachadas de simples esculturas, fotografias, desenhos, vídeos , pinturas ou qualquer outro tipo artístico.
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