Pelo menos três milhões de pessoas ficaram sem trabalho devido à pandemia, mostra a edição semanal da PNAD COVID19, divulgada hoje (14) pelo IBGE. A taxa de desocupação chegou a 13,7% na quarta semana de julho, atingindo 12,9 milhões de pessoas. Na primeira semana de maio, quando a pesquisa teve início, 9,8 milhões estavam sem trabalho.
“Comparando com o início da pesquisa, o saldo da nossa investigação é que a população ocupada está menor, em 2,9 milhões de pessoas. A população desocupada está maior, pouco mais de 3 milhões de pessoas. E a taxa de desocupação também está maior em 3,2 pontos percentuais. Isso num contexto em que a população informal vem caindo também”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
Maria Lúcia observa que todos os indicadores sobre o mercado de trabalho ficaram estatisticamente estáveis na quarta semana de julho, quando comparados à semana anterior. O número de pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho devido ao distanciamento social somou 5,8 milhões, após cair na semana anterior. No início de maio, por conta do isolamento, 16,6 milhões haviam sido afastados do trabalho que tinham.
O grupo de pessoas que alegam motivo diferente do distanciamento social para estar afastado do trabalho também não mudou, ficando em 3,0 milhões. Ficou estável, ainda, o contingente que trabalhava de forma remota (8,3 milhões) na quarta semana de julho. No início da pesquisa, 8,6 milhões estavam trabalhando de casa. Já o grupo de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou emprego, devido à pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que vive, ficou em 18,5 milhões.
Somente a proxy da taxa de informalidade (33,5%) subiu na comparação com a terceira semana de julho (32,5%). Isso representava 27,2 milhões de pessoas na informalidade, cerca de 2,7 milhões a menos do que o contingente do início de maio (29,9 milhões).
“Vimos na divulgação da semana passada que essa população tinha caído. É uma força de trabalho que oscila bastante nessas comparações curtas. As pessoas entram e saem da força de trabalho com muita facilidade. Com mais facilidade que a população ocupada, que é formalizada”, disse a coordenadora da pesquisa.
Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.
14,5% dos que procuraram atendimento em hospitais ficaram internados
A PNAD COVID19 também mostra que, dos 13,3 milhões de pessoas que se queixaram de algum dos sintomas de síndrome gripal, 3,3 milhões buscaram atendimento médico na quarta semana de julho. Desse total, 159 mil (14,5%) ficaram internadas em algum hospital. No início de maio, quando a pesquisa começou, 26,8 milhões relataram algum sintoma.
Dor de cabeça foi a queixa mais recorrente (6,0 milhões) na quarta semana de julho, seguida por nariz entupido ou escorrendo (5,2 milhões), tosse (4,7 milhões), dor muscular (3,4 milhões), dor de garganta (3,8 milhões), fadiga (2,3 milhões), perda de cheiro ou de sabor (1,8 milhão), dificuldade de respirar (1,7 milhão) e dor nos olhos (1,4 milhão).
Entre os 3,3 milhões de pessoas que tiveram algum desses sintomas e buscaram atendimento, 42,2% disseram ter buscado atendimento médico em postos de saúde públicos, 20,2% em prontos-socorros e outros 19,9% em hospitais do SUS. Já na rede privada, 7,3% procuraram ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas, 3,7% foram para prontos-socorros privados e 13,7% para hospitais privados.
No mesmo período, 75,7% afirmaram ao IBGE não terem procurado nenhum estabelecimento de saúde. Já 58,9% disseram ter tomado remédio por conta própria. Outros 10,8% tomaram medicamento com orientação médica. Além disso, 3,2% ligaram para algum profissional de saúde e 3,1% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.
A PNAD COVID19 é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. O IBGE faz divulgações semanais e uma mensal da pesquisa, que se enquadra como um dos produtos das Estatísticas Experimentais
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