Com o objetivo de denunciar crimes contra LGBTIs e estabelecer estatísticas compatíveis com a realidade, a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Rio de Janeiro, criou o aplicativo ‘Dandarah’, que está disponível desde o dia 18 de dezembro para o público paraense.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), no ano de 2018 foram registrados 79 crimes homofóbicos no estado e em 2019 foram 85 ocorrências. Apesar do número, a comunidade LGBTI não acha que as estatísticas são compatíveis com a realidade de violência de forma ampla. “Eu sei o quanto o movimento social luta para que esses dados sejam feitos de uma forma oficial, que infelizmente hoje a gente não tem isso registrado…”, diz o artista visual trans Rafael Carmo.
“O aplicativo é mais uma forma da gente produzir dados para que a gente talvez faça os nossos gestores olharem e perceberem a nossa demanda enquanto segurança pública. Os nossos corpos são agredidos pelas nossas identidades e nossas orientações sexuais”, completa Carmo.
O aplicativo Dandarah permite que LGBTIs registrem a ocorrência sofrida formando um banco de dados nacional sobre a violência. A plataforma é colaborativa e pode ser aprimorada através da participação dos usuários. Os pesquisadores que elaboraram o Dandarah coletaram opiniões e sugestões em vários municípios do país e do Pará, como Belém, Ananindeua, Marituba, Tucuruí e Santa Izabel.
A plataforma permite que o público acesse informações úteis, como contatos e endereços de conselhos, delegacias e redes de atendimento mais próximas aos usuários. Em caso de emergência, o aplicativo oferece a ferramenta ‘Botão de Pânico’, que aciona pessoas de confiança previamente escolhidas pelo usuário e repassa a localização em tempo real por mensagem.
O nome ‘Dandarah’ foi escolhido em homenagem à travesti Dandarah dos Santos, que foi brutalmente assassinada em Fortaleza, no Ceará, em fevereiro de 2017. O caso teve grande repercussão depois que as imagens do espancamento foram divulgadas nas redes sociais.
Em Belém, as denúncias de crimes homofóbicos podem ser feitas na Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos, localizada na rua Avertano Rocha, entre São Pedro e Padre Eutíquio.
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