A cada dia, mais pessoas têm sido diagnosticadas com gordura no fígado, nome popular para a esteatose hepática não alcóolica. É uma condição que atinge mais comumente as mulheres, sendo que se estima que 1/3 da população apresenta o problema.
A esteatose hepática é um distúrbio causado pelo acúmulo de gordura no interior das células do fígado – um órgão cor marrom-avermelhada que exerce mais de 500 funções fundamentais para o organismo.
“A gordura no fígado é preocupante, pois o problema pode desencadear depois a esteatose grau 2, grau 3 e depois outras doenças bem mais graves como cirrose e levar até a necessidade de um transplante de fígado, em casos extremos”, explica a Dra. Vanessa Prado, cirurgiã do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, e membro da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo).
“É importante dizer que este é um problema relacionado ao estilo de vida. Muitas pessoas acreditam que só o consumo excessivo de álcool pode levar à cirrose, mas não, o excesso de gordura também pode causar o problema”, alerta Dra. Vanessa. Isso porque essa gordura nas células do fígado se dá com o aumento dos triglicerídeos gerados justamente pela má alimentação e sedentarismo.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a América Latina é a região que concentra o maior número de pessoas que não praticam atividades físicas. E o Brasil é o primeiro país na lista de sedentarismo.
Há vários motivos que podem levar ao acúmulo de triglicerídeos no organismo e a consequente gordura no fígado, mas principalmente maus hábitos de vida estão relacionados à doença. Atitudes como não fazer exercícios, abusar de doces, gorduras, carboidratos e bebidas alcoólicas contribuem, e muito, para o problema. Também são fatores de risco para o aparecimento da esteatose hepática gordurosa não alcoólica o sobrepeso e a diabetes tipo 2.
Quando a pessoa ainda está numa fase inicial da esteatose hepática, a doença costuma ser assintomática. Mas se você foi diagnosticado com esteatose hepática grau 1, já é possível tratar e evitar sua evolução. Os sintomas aparecem quando surgem complicações da doença, aí a pessoa pode sentir inicialmente dores abdominais, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado.
Um dos exames iniciais a serem feitos é o de sangue, para observar as enzimas do fígado, já que o primeiro sinal que o corpo dá é alterar as enzimas AST (antigo TGO) e ALT (antigo TGP). Se elas estão acima ou perto do valor de referência, é preciso ficar atento. Pode ser necessário também fazer um ultrassom, tomografia ou ressonância do fígado para avaliar possíveis alterações, mas há casos em que a confirmação do diagnóstico depende de biópsia. Em alguns casos, é necessário fazer a elastografia transitória, um método não invasivo e indolor que mede a elasticidade do tecido hepático e a quantidade de gordura acumulada no fígado.
Na maioria dos casos iniciais da doença, apenas mudanças no estilo de vida são suficientes para reverter o quadro se baseando em dois pontos essenciais: alimentação saudável equilibrada e atividade física regular. São pequenos hábitos que podem ser mudados, desde ir a pé e não de carro até a padaria na esquina, não abusar das porções fritas e de bebidas e não comer doces em todas as refeições.
“É importante que quem já tem o problema, ou quem está em grupos que podem vir a ter a esteatose (obesos e diabéticos), mude seus hábitos, adote uma dieta com menos gorduras e açúcares e passe a fazer alguma atividade física”, indica a cirurgiã gástrica.
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