O programa Bolsa Pará, coordenado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), vem garantindo a qualificação de centenas de estudantes e incentivando a pesquisa acadêmica no Pará. O programa já concedeu 459 bolsas de estudo, sendo 379 para iniciação científica, 50 de mestrado e 30 para doutorado, com um investimento de quase R$ 4 milhões.
O Bolsa Pará, que foi institucionalizado pelo governador Helder Barbalho durante a programação do Governo Por Todo Pará, concede as bolsas por meio da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). As instituições são responsáveis pela seleção e contemplação dos estudantes capacitados, a partir de seus programas de ensino em todas as áreas de conhecimento.
Um dos selecionados é o estudante Yan Rodrigues, 26. Mesmo com pouca idade, o jovem é formado em Ciências Naturais com habilitação em Biologia, é mestre em Biologia Parasitaria na Amazônia pela Uepa, tem especialização na UFPA e foi o primeiro colocado na seleção para doutorado em sua área de pesquisa na Uepa. Ele estuda uma parte da bacteriologia, analisando amostras para identificar casos de infecção hospitalar.
O biólogo vê o programa não apenas como um auxílio financeiro, mas como um estímulo à pesquisa cientifica. “Acho que a bolsa, de maneira geral, não é apenas uma manutenção de renda, claro que financeiramente ela é fundamental, mas é, além disso, um estímulo para quem move a pesquisa cientifica no Pará e no Brasil. A participação de alunos como nós, de mestrado, doutorado e pós-graduação, é fundamental para tocar esses estudos e dar um retorno para a sociedade, que é o mais importante nesse investimento na educação, ciência, tecnologia e saúde”, afirmou.
Sonho Realizado – Para realizar o sonho do doutorado, a enfermeira Thalyta Lopes, 30, também beneficiada pelo Bolsa Pará, abriu mão do trabalho e se mudou para o município de Itaituba, onde realiza pesquisa com moradores, principalmente, garimpeiros, na identificação e prevenção da malária e da sífilis.
“Para me dedicar ao doutorado, precisei parar de trabalhar e, nesse sentido, a bolsa foi fundamental na minha vida. Ajuda a custear toda minha despesa. Como estou em outra cidade, é com esse auxílio que consigo bancar minhas viagens para Belém, onde faço as análises no Instituto Evandro Chagas, e minha volta para Itaituba, além de todo meu material de coleta”, disse a estudante.
Thalyta acredita que todo seu esforço vale a pena, como uma realização pessoal e um legado social deixado para o município. “Sempre gostei muito de estudar, acho que a única forma de chegar onde a gente quer é com o estudo, principalmente, pra quem nasce em uma família que não tem muitas condições. Quando passei no doutorado, que era um sonho, encarei esse desafio da melhor maneira possível e estou fazendo o máximo, dentro do município, para que eu possa dar esse retorno. Não só para mim, mas para a população de Itaituba, onde possam entender as questões sobre a malária e a sífilis na região”, enfatizou.
Para o titular da Sectet e presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa do Pará (Fapespa), Carlos Maneschy, é fundamental que “formemos profissionais de qualidade no mais alto nível de conhecimento”.
“Nós não vamos dar o salto qualitativo que o Pará precisa se não entendermos que é necessário gente qualificada para promover o desenvolvimento de inovações. Precisamos explorar novos negócios, a nossa biodiversidade, e isso só será feito pelo conhecimento. A Sectet e a Fapespa são os braços fundamentais para isso. Por meio de programas como o Bolsa Pará, teremos um horizonte de promoção social, emprego e renda para diminuir a desigualdade no nosso Estado”.
Mais Bolsas – Segundo Maneschy, o programa será em breve ampliado. “Vamos aumentar essas concessões. Além de mestrado, doutorado e iniciação científica, teremos bolsas de técnicos e de projetos, de pesquisador visitante, de desenvolvimento científico-regional e também para alunos do ensino médio, nas modalidades de estímulo à ciência e ao empreendedorismo, como formas de aproximar a relação universidade-empresas. Queremos até o final do ano, ter uma perspectiva de gastos em torno de R$ 9 a 10 milhões com essas bolsas”, anunciou o secretário.
Por Raphael Graim / Agência Pará
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