Manifesto das famílias Sem Terra do Acampamento de Resistência Hugo Chávez ao povo de Marabá
A imprensa local e nacional noticiou no último fim de semana que Sem Terras entraram em conflito com pistoleiros e milícias (financiados pelo fazendeiro Osvaldo Saldanha) na fazenda Santa Teresa em Marabá. A terra de castanhais públicos que pertence a união tornou-se uma fazenda grilada pelo instituto de terras do Pará (ITERPA). Nós, os Trabalhadores Sem Terra não admitiremos que camponeses e camponesas sejam espancados e chamados de “vagabundos” e “bandidos”, por que é o latifúndio que faz dessa região naturalmente nascida para produzir alimentos, a região da exploração, da violência e da fome.
Para muitos, nossa luta não parece ser importante, mas ela carrega a certeza de que todos e todas devem lutar pelos seus direitos! De que a sina de um camponês é produzir alimentos baratos e saudáveis ao trabalhador da cidade. É cuidar da natureza e dos animais, dos rios e das matas. Não podemos mais aceitar esse discurso de progresso do agronegócio, onde na prática o que resta é a exploração e violência contra homens e mulheres. O povo não sente as melhorias na mesa nem no seu cotidiano, nossas riquezas naturais com florestas, rios, animais, minérios e água são saqueadas, nossas terras são griladas por latifundiários sem nenhum compromisso com a história e a luta do povo de Marabá.
Pra quem não sabe, o latifúndio é responsável pela morte de mais de 70 trabalhadores, através de assassinatos encomendados e chacinas no Pará só no ano de 2017. Também são responsáveis pela intoxicação de 64% dos alimentos que são vendidos para o nosso consumo que causa doenças e compromete a vida até daqueles que ainda nem nasceram. No nosso caso denunciamos a Família Saldanha, que veio para o estado do Pará fugida de crimes de sonegação de imposto, roubo de carga, fraude e corrupção em licitações de merenda escolar. Que compraram terras com dinheiro sujo e que continua alastrando medo e terror.
Osvaldo Saldanha, o criminoso que é condenado por trabalho escravo em Parauapebas e mandante do atentado terrorista às famílias do nosso Acampamento não é uma “pessoa de bem”, mas um criminoso perigoso que rouba o povo brasileiro. Aí perguntamos: quem é o bandido da história?Em nosso país, leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. O Estado quando não está omisso, se coloca em apoio aos grandes latifundiários; as forças que o pequeno agricultor enfrenta são violentas e desiguais. Ao meio de tanto rancor e ignorância, o bombardeio midiático sensacionalista destinado a conservar uma ordem injusta e excludente alimenta um ódio em pessoas que possuem casa, comida, emprego e conforto contra quem tem muito pouco ou quase nada disso. E que se rebela contra essa situação.
Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhes dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra que é nossa! A justiça para nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza. Chegou o tempo da nossa justiça, que para muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima. Seguimos lutando e construindo a tão sonhada Reforma Agrária.
LUTAR! Construir Reforma Agrária Popular!